Meditação — Tirando dúvidas que você tem
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
1 – Gabhi, por que é tão difícil meditar?
Amigo,
É difícil porque você está dizendo que é difícil.
A cada vez que você pensa e repete essa afirmação a tarefa se complica ainda mais. Você reforça, torna a dificuldade uma realidade, embora não seja. Tem uma máxima que não sei bem a origem, mas diz assim: ‘Uma mentira dita muitas vezes torna-se verdade’. O que significa isso?
Não importa o que seja, pode ser o maior absurdo, mas se for repetido diversas vezes vai começar a se tornar ‘verdadeiro’. É claro que essa mentira nunca vai se tornar real, mas a crença nela sim. Uma mentira dita mil vezes cria, ativa e solidifica uma crença na mente das pessoas e para elas, tal coisa ter-se-á feito real.
É um fenômeno neurológico, psicológico. Pensamentos influenciam o cérebro e esse, por sua vez, é o centro de comando do corpo. Se você diz ‘é difícil meditar’ é porque, antes, pensou tal coisa. E esse pensamento não é seu – você precisa saber. Talvez você tenha pego emprestado de alguém – há muitos que dizem o mesmo; e aí começou a repetir. O pensamento que é difícil banha seu cérebro com tal informação e, a partir daí, o cérebro começa a criar tal dificuldade para o corpo.
Assim se formam e consolidam as crenças. Para meditar você não pode ser um ‘crente’. O meditador precisa ser um experimentador. Meditação só tem valor se for provada. Você tem que sentir o gosto em seus próprios lábios. Então, a primeira coisa, é deixar de pensar, de falar e repetir que é difícil.
Vou lhe propor uma técnica que talvez ajude. Já falei dela nessa coluna. Se chama ‘pesando ao contrário’. Toda vez que você for meditar e esse pensamento surgir fique alerta e troque imediatamente pelo pensamento oposto – meditar é fácil e prazeroso (por exemplo).
Pense ao contrário. E não apenas pense, mas, se possível, sinta.
No começo você pode imaginar-se meditando confortavelmente, em um lugar agradável. Veja-se (mentalmente) meditando em absoluta paz e tranquilidade. Sinta a sensação de bem estar que advém da prática meditativa. Coloque cores, sons, texturas e encha de criatividade essa mentalização. Essa é a primeira coisa que posso lhe dizer sobre sua pergunta.
Há ainda outra. Eu lhe questiono: Que tipo de meditação, que método você escolheu? O que é que você está tentando fazer para dizer que é difícil? Qual a dificuldade? É a postura? Encontre uma posição confortável? É o tempo? Diminua. Comece com períodos menores e vá subindo gradualmente. Ou é sua mente? A mente não desliga quando você se senta para meditar. É impossível ficar sentado mais que cinco minutos sem que aquilo se torne um inferno.
É isso que está acontecendo? Se for, você precisa de duas coisas. Primeira. Adicione algum método mais catártico. Busque por meditações ativas. Elas lhe ajudarão. Segundo. Você precisa ter uma iniciação; precisa ser iniciado por um professor que lhe aponte como não envolver-se, como não ser afetado pela ‘mente de macaco’.
2 – Gabhi, estou confusa. Quero meditar, tenho ouvido muitas coisas boas a respeito, mas é como um super-mercado cheio de opções. Qual meditação devo escolher?
Amiga,
Eu sinto a sua dor. Ela foi minha por muitos anos.
Durante certo tempo eu andei por aí, errante, à procura do método certo. E não fiz isso apenas pela internet. Eu andei com apenas uma mochila nas costas pelo Brasil e outros tantos países. Frequentei rituais, convivi com monges e xamãs. Conheci o islã e a meditação cristã. Os budistas e os Hare Krishna. Meditei com judeus cabalistas e professores de mindfulness. Não tenha nenhuma dúvida que eu fui buscar em várias fontes diferentes.
E em paralelo a isso, cheguei a trabalhar para um aplicativo de meditação e, claro, promovi de maneira auto-didata, minha própria pesquisa e prática individual – sozinho, experimentando aquilo que me era ensinado. E mesmo depois de tudo isso, dessa longa jornada em busca da, digamos, ‘meditação ideal’ (para mim) pouco encontrei. Pode parecer dura tal afirmação, mas é verdadeira.
Nada que tocasse de verdade meu coração foi encontrado, nem mesmo as meditação do OSHO, de quem me tornei amante incondicional. Aliás, quando eu conheci as meditações do OSHO, eu executava pessimamente a técnica. Meu coração só foi tocado quando as esperanças ameaçavam chegar ao fim. Foi aí que encontrei.
No meu caso, e isso é absolutamente pessoal, encontrei um mestre vivo que me apontou – tem apontado – a verdadeira face da meditação. Digo isso apenas para aquecer nosso diálogo; é minha história pessoal, aconteceu comigo e não precisa ser assim com você. Aliás, se você chegou até mim, poderá usar toda essa experiência que venho tendo. Não precisa fazer o que fiz, não é necessário que trilhe o mesmo caminho. Tem muitos espinhos, muita coisa superficial.
Gostei da sua afirmação. ‘Supermercado’ é uma excelente analogia. É tanta coisa na internet, basta dar um google que não falta gente falando de meditação e ensinando, ou tentando ensinar outras pessoas a meditar. É claro que é confuso.
Qual meditação escolher? Por onde devo ir? Será que vai servir pra mim? Vou lhe dar uma dica.
Comece por aquilo que mais se aproxima do prazer! Sim, do prazer. O que você gosta de fazer apenas por diversão? O que você não faz por obrigação e lhe enche de alegria? O que você faz por puro deleite? Você gosta de dança, não é mesmo? Eu vi fotos suas dançando. Seu rosto transbordava. Use a dança para meditar. Tem uma técnica do OSHO que se chama Nataraj. Busque no site oficial: OSHO.com por ela. Pratique sempre no mesmo horário. façå por trinta dias e depois me escreva novamente. Se houver dúvida, estarei atento no shak@gabhishak.com.br
Como segunda opção lhe indico a meditação Kundalini, também do OSHO. Escolha uma das duas e pratique. Esqueça aquele velho e empoeirado conceito de meditação. Dance, dance, dance.
3 – Gabhi, tenho uma dúvida. Quanto tempo de prática é necessário para que os resultados da meditação apareçam?
Amigo,
Sua pergunta é muito boa.
Várias formas de lhe responder me ocorrem. Pena não poder estar contigo, fisicamente, para enfrentar cada uma delas. E já que você falou em tempo; não irei me alongar muito. Tenho lido sobre o Butão. Diz-se desse pequeno país encravado no sopé dos Himalaias, entre a China e a Índia, que ali é o reino da felicidade. Houve inclusive a criação de um índice e o desenvolvimento do país leva em conta a felicidade dos seus cidadãos.
Aproveitando o ensejo do Butão e já lhe retirando a outorga, retifico: a meditação é o reino da felicidade! Não é o Butão; é a meditação. De modo que aquilo que você precisa é morar nesse reino. E, saiba, não se trata de uma pequena circunscrição de terras – é o mais vasto campo em toda a existência – e tem espaço pra você, obviamente.
Venha para a meditação.
Eu sei que você tem namorado com essa possibilidade; não é de hoje. Você vem e vai, começa e para; e isso é um sinal que devemos ter em conta. Denota-se que há em ti tal impulso. Você quer entrar nisso e a meditação quer você com ela. O que você está esperando? Deixe de rodeios, reduza um pouco os penduricalhos que você tem na agenda. É tudo essencial? Aposto que não. Venha para o essencial. Mais uma vez refaço o convite. As portas estão abertas.
Sobre o tempo. Tem dois aspectos que gostaria de comentar.
O primeiro diz respeito aos efeitos comprovados da prática meditativa no corpo-mente. Se você praticar, a química, a biologia, os neurônios se alterarão. Sua mente pode mudar – a maneira como você se relaciona com ela pode se alterar totalmente de modo que ela perca a força destrutiva que possui sobre você atualmente. Se você está atrás da meditação como ferramenta de cura, como medicina, será preciso repetir a prática por determinado tempo. Tais mudanças demandam prática, repetição. E então você começará a sentir no próprio corpo, nas emoções, nos seus relacionamentos o poder das técnicas de meditação.
Não se preocupe com o tempo, ocupe-se em praticar. Cada indivíduo é único. Pratique e espere, pacientemente. Como disse o OSHO, o florescimento ocorrerá naturalmente. Mas a meditação vai muito além disso.
E eu sinto em você que o chamado é para esse além. Talvez a sua porta seja a medicina, a meditação medicinal. Mas sua alma pede pela meditação que está além de tudo isso. A meditação dos buscadores, daqueles que não se contentam apenas em nascer, ir pra escola, casar, trabalhar, ter um ou dois filhos, aposentar-se e…morrer. Tendo feito o quê? Já parou pra pensar nisso?
Não fuja mais. Esqueça sua mente. Esqueça suas crenças.
Venha; ou melhor, volte!
4 – Gabhi, oração e meditação é a mesma coisa?
Amiga,
É bom saber que você está me acompanhando e que tem algum interesse na meditação; ao menos uma curiosidade.
Não importa qual seja o primeiro passo – o importante é que você ativou essa nova frequência. Pensar na meditação já muda a frequência de onda do seu cérebro. Você sabia disso?
Vou lhe contar um segredo.
Toda vez que quiser alterar seu estado mental, lembre da meditação. Mesmo que ainda seja apenas uma palavra em sua mente sem muito significado. Imagine-se muito bem, em paz, relaxada e tranquila. Pare tudo que estiver fazendo, respire profundamente por cinco minutos, exalando na metade da velocidade em que inala.
Exalando devagar, portanto. Faça esse respiratório e logo em seguida o exercício de visualização acima. Coloque muitas cores, todos os sentidos, use a criatividade. Sinta o bem estar tomar todo seu corpo; sinta o relaxamento tomar conta das suas células. Nosso cérebro funciona como uma máquina. E quem o comanda? Há duas opções: você ou a sua mente!
Quando a mente comanda o cérebro através do processo de pensar o problema está configurado. Você precisa estar consciente disso. Atenção é a chave. Não deixe os pensamentos se desgarrarem; fique muito atenta a eles, ao padrão que possuem. Não tente modificá-los, apenas esteja atenta ao processo: pensamentos em ocorrência e suas consequências.
Vamos entrar na sua pergunta. Oração e meditação não são a mesma coisa. Porém, sem meditação sua oração perde força. A oração transformada em meditação pode ser poderosa. A oração sem meditação costuma ser vazia. O que quero dizer?
Há milhões de pessoas que oram para cumprir uma obrigação. Elas repetem algo, balbuciam algumas palavras. Os muçulmanos oram cinco vezes por dia. Eles citam trechos do alcorão. Os cristãos oram antes de dormir ou quando querem algo. Se o avião começa a tremer, balançar de um lado para o outro, as luzes de emergência se acendem, o pânico toma conta…juntamos as mãos, pedimos socorro, oramos. Oramos para nos salvar, para que Deus, Jesus ou o anjo da guarda nos proteja.
Essa oração não tem a força da oração meditativa. E como é a oração meditativa? É aquela feita com profunda devoção. É quando há intenção inequívoca. Quando vem do coração. Quando a confiança é absoluta.
Você não ora para pedir algo, pois sabe que o que tem é o que precisa no momento. Sua oração não é um pedido de esmolas; ao contrário, é um agradecimento por tudo o que a vida tem lhe proporcionado. O simples fato de estar viva é motivo de gratidão. Dar graças e, ademais, sentir-se grata é oração. Nem é preciso repetir ‘pai nosso que estais…’. Basta que você pare alguns instantes no seu dia e lembre de ser grata. Grata pela respiração, pelas folhas das árvores, pelo canto dos pássaros, pelo sorriso da sua filha.
Essa é a verdadeira oração.
5 – Gabhi, meditar ajuda a me proteger do COVID?
Amigo,
Que excelente pergunta!
Sem rodeios, vamos de dados. Vamos ver o que a ciência e a medicina têm revelado sobre isso; e já há algum tempo, com resultados bem consolidados. Bem diferente da necessidade de provar eficácia ao afogadilho, como temos visto ultimamente.
Existem células auxiliares do sistema imunológico que se chamam CD-4. Elas estão envolvidas no envio de sinais para outras células, ou seja, elas promovem a intercomunicação a nível celular. Quais informações elas transmitem? Elas dizem ao corpo: destrua essa infecção! Há evidências que a meditação aumenta o número de células CD-4.
Houve um estudo recente nos Estados Unidos com pacientes portadores de HIV. Eles meditaram por algumas semanas e as células CD-4 aumentaram. Outra evidência que rendeu até mesmo em um Prêmio Nobel à pesquisadora Elizabeth Blackburn em 2009 foi sobre a telomerase.
Você já ouviu falar nisso?
Perdoe-me por levar tantos nomes complicados a você; mas todos temos que saber, temos que ir além das superficialidades da grande mídia e, por que não dizer, das notícias falsas bombardeadas em nossas redes sociais. Você não vai ouvir que praticar meditação pode ser a saída para todos os seus males no UOL ou no G1; ou pelo menos não com a ênfase e a evidência que mereceria.
Fique comigo mais um pouco e tire suas próprias conclusões. Telômeros são a parte final dos cromossomos. Telomerase é a enzima que envolve os telômeros. Quanto maior a atividade da telomerase, maior a estabilidade dos cromossomos e menor sua degradação. Isso tem a ver com a saúde das células, com a vida das células.
E você enquanto corpo é o que? Um conjunto de células, não é mesmo?
A meditação, segundo apontam os especialistas, aumenta a atividade e fortalece a telomerase, o que, via de consequência, diminui o envelhecimento. Portanto, meditar rejuvenesce e equilibra o corpo – informam os pesquisadores.
Além dessas questões, que trago para fomentar seu interesse no assunto, há ainda um campo de estudo em que a meditação foi mais longe. Eu falo da redução do stress, da ansiedade e da depressão. Todos eles, juntos e misturados, afetam atualmente milhões, talvez bilhões de pessoas em todo o mundo. Stress e ansiedade são as doenças do homem moderno.
E você sabe como o corpo humano reage à essas questões de natureza psicológica? Um dos efeitos é a inibição da atividade e da proliferação de células imunes.
Gradualmente as defesas diminuem, ficamos vulneráveis e nosso corpo se torna território habitável a qualquer agende nocivo externo, como os vírus por exemplo. A confusão, o medo, o pânico, a desinformação, as tensões que emergem nesse período turbulento somatizam no corpo; enfraquecem o corpo – matam as células imunes.
Os pensamentos que você tem cultivado a respeito do assunto, ou seja, a colcha de retalhos que tens em sua mente sobre o COVID influenciam seu cérebro e esse, por sua vez, o corpo. As células também ficam confusas e o exército do sistema imunológico perde assertividade.
Qual o remédio? Qual a vacina contra tudo isso? Responda você mesmo. Vou dar uma dica: começa com ‘med’, tal como ‘medicina’ e o sufixo termina em ‘ação’, pois é algo que você deve fazer; é uma ação que precisa empreender.
6 – Gabhi, posso meditar no meu trabalho?
Amiga,
Faz tempo que não nos falamos. Espero que estejas bem!
Onde você mora atualmente? Tenho visto fotos lindas suas. Não sou a pessoa mais indicada para falar de trabalho. Faz alguns anos que deixei de trabalhar. Faz alguns anos que deixei de ter obrigações com terceiros. Há anos não tenho chefe. Há anos não tenho funcionários. Há anos não tenho salário. Nem imposto de renda tenho declarado.
E veja só que interessante.
A vida, a mesma vida que se encarregou de ‘tirar’ o trabalho de mim com uma mão, passou a oferecer, com a outra, tantas bênçãos que nem mesmo consigo relatar. No ano anterior à pandemia eu viajei por cinco países diferentes, desfrutando, aproveitando. Eu jantei à beira do mediterrâneo, pedalei em Amsterdam, ouvi os músicos de rua de Barcelona e saboreei alguns dos melhores vinhos do mundo em Lyon. Aí chegou a pandemia.Tempos difíceis para muitos.
E para mim? Passei a viver em uma das cidades mais bonitas do Brasil ao lado de pessoas que amo, em uma bela casa a uma quadra do mar; uma praia quase privativa, é bom ressaltar. Havia árvores frutíferas na rua, feira orgânica e peixe fresco quase todos os dias. O céu era estrelado e o sunset tão belo quanto silencioso.
Durante o ano que passou, mais de cem pessoas vieram a mim para meditar. Sem muito esforço, aquilo que eu necessitava chegou a mim. Tenho recebido tudo aquilo que preciso para uma vida confortável.
As pessoas trabalham para tirar férias uma vez ao ano. Eu tenho vivido toda minha vida em ‘estado de férias’. As pessoas trabalham para comprar carro, casa. Eu tenho o carro que sempre quis na garagem e moro na casa que escolhi estar, agora. As pessoas trabalham para, como dizem, ‘pagar os boletos’. Boletos que elas próprias criaram, não é mesmo? Eram essenciais? Extremamente necessários? Não creio.
Se estivessem atentas, alertas, muitas dessas despesas não teriam sido geradas. Eu não tenho boletos; tudo bem, talvez uma ou outra conta a vencer em um ou dois meses, mas nada além disso. Antes da meditação eu ganhava bem, tinha uma posição respeitada na sociedade e um trabalho formal – de terno e gravata. Eu ganhava vinte mil por mês e estava sempre devendo. O dinheiro entrava e saía tão rápido quanto um piscar de olhos. Prosperidade financeira? Nenhuma! Abundância (em termos financeiros)? Sem chance.
E, agora, sem emprego e sem trabalho eu tenho tudo aquilo que muitos sonham, tudo aquilo que pessoas como você se esforçam para conquistar trabalhando 8, 10, 12 horas por dia por anos e anos; gastam, perdem a vida para poder gozá-la em um futuro que não chega nunca. A vida tem que ser gozada agora. Um pouco de coragem para soltar, para largar e entrar no fluxo. A existência é tão grandiosa que nunca deixará de amparar quem cai em seus braços. Coragem, é o que lhe digo.
Ouça seu coração, faça somente o que faz o seu coração vibrar, parafraseando o título de um dos livros do OSHO. Espero te ver em breve.
7 – Meu filho não pára, tem alguma meditação pra isso?
Amiga,
Por que você quer que ele pare?
A criança tem energia de sobra e precisa colocar pra fora. Eu ouvi o OSHO dizendo que essa energia é como um dínamo, quanto mais se move, mais tem. As crianças estão vivas. Esse negócio de hiperatividade, essa invenção moderna, para mim é pura besteira.
Nós, os assim chamados adultos, sentimos inveja das crianças. Invejamos a vitalidade, o desprendimento, a espontaneidade. Talvez esse jeito de ser das crianças nos faça lembrar de quando éramos assim. E hoje estamos sem energia, condicionados e robotizados. Eu não falo por ouvi dizer, falo por experiência.
Eu sinto inveja das crianças. Vivemos como robôs e queremos que nossos filhos trilhem o mesmo caminho. Me desculpe falar assim, mas é o que tenho observado. É bom que você saiba – eu não tenho filhos. Mas observo bastante e já trabalhei com mais de mil. Eu tenho notado seu comportamento, a relação que possui com os pais, com os coleguinhas, com os professores…
Sim, existe técnica de meditação para criança. Aliás, os colégios que implementaram a meditação no ensino fundamental e médio têm observado resultados surpreendentes em diversos aspectos – cognitivos, emocionais, relacionais, etc. Tem yoga para crianças – e elas ficam mais calmas com a prática. A meditação também tem ajudado a desacelerar.
Mas para você eu não quero sugerir nenhum método. Seja qual for, será algo mecânico, que veio de fora e vai podar a natureza original. Vai ser bom pra você, mas não será pra ela. Meu coração diz que você deve deixá-la gastar toda a energia que possui. Talvez oferecendo alternativas para que ela se mova criativamente. Algum esporte, alguma dança. Por que você não chama seu filho para fazer algo; por que não praticam juntos alguma atividade?
Escute o que ele lhe diz. Pergunte o que ele quer fazer. Não imponha sua vontade. Trata-se de outro individuo; os filhos não são nossa propriedade. Cuidamos, zelamos, mas a vida é deles, queiramos ou não. Ouça mais e imponha menos. Geralmente aquilo que impomos aos filhos são a mera repetição dos nossos padrões. Não é legal.
Eu já fui filho, já fui criança, adolescente e jovem e me recordo do que meu pai e alguns outros parentes fizeram. Não foi legal. Eu não repetiria. Aqui, comigo, a roda parou de girar. Em minhas relações, todo o cuidado do mundo para não passar adiante minhas dores, traumas e sofrimento – conscientes e inconscientes. As crianças são belas. Você já assistiu o filme Capitão Fantástico? Claro que você não precisa fazer o que aquele pai fez, você não precisa sair da cidade e ir morar nas montanhas. Mas veja só que inteligentes, que fortes e bonitas são as crianças que estão livres (pelo menos um pouco) dos padrões sociais.
Você já leu o Livro das Crianças do OSHO? É a segunda dica que lhe dou. Leia, mas leia com abertura e receptividade. Não leia como uma analista, colocando em comparação frente aquilo que sua mente pensa do assunto. Leia sem mente. Veja o que consegue aplicar; veja se faz sentido. Do Gabhi você só poderá receber, nesse momento, a seguinte mensagem:
Deixe seu filho ser o que é, deixe que seja o mais espontâneo possível, deixe que a vida o leve em seus braços.
8 – Gabhi, sou ansioso e inquieto, o que eu faço?
Amigo,
Tem uma história zen que diz mais ou menos assim:
“O jovem discípulo foi ver um famoso mestre que vivia nas montanhas da China. Chegou e disse:
- Mestre, tenho um problema. Muitas vezes sou tomado pela raiva; por mais que eu medite, quando a raiva aparece fico possuído por ela e perco a cabeça. O que devo fazer?
- Mostre-me a raiva agora, respondeu o mestre!
Hesitante, o jovem, contestou:
- Mas agora não estou com raiva, como poderei lhe mostrar?
- Então volte quando ela estiver com você. Como poderei lhe ajudar a resolver um problema que não está com você agora?
O jovem discípulo fechou os olhos e compreendeu. Ele compreendeu que a raiva vem e vai. Ele compreendeu que aquilo que não está com ele, aqui e agora, não tem substancialidade, é impermanente, mutável, está em constante transformação. A raiva aparece e desaparece. É um fato. Ninguém jamais ficou com raiva a vida toda. Então por que se ocupar com isso? Atenção é a chave.
A raiva vem, olhamos com atenção, observamos o que ocorre e notamos seu gradual arrefecimento. O mestre não propõe que controlemos a raiva. A luz da observação atenta é suficiente. Estou lhe dizendo tudo isso porque ocorre o mesmo com a ansiedade, ou aquilo que se denomina ansiedade hoje em dia. Ela vem e vai, não é mesmo? Então por que dar tanta importância a algo passageiro?
Ah Gabhi, eu tenho crises terríveis, meu coração parece que vai sair pela boca. Eu não consigo respirar!
Mais uma vez. Saiba que a ansiedade é um fenômeno passageiro. Ela não é você. Então pare de dizer ‘sou ansioso’. Se ela fosse você, estaria contigo 24 hs por dia. A cada instante, a todo momento. Isso ocorre? Tome consciência da ansiedade como um processo que tem começo, meio e fim. Essa tomada de consciência é a pedra de toque. Quanto mais consciente você for ficando, menos ela lhe afetará. Você deveria entrar nas técnicas de atenção plena.
Essas meditações podem ajudar a tornar cada vez mais evidente que você e a ansiedade são coisas diferentes e essa é a única maneira de resolver o problema. Medicamentos não resolvem, ao contrário, mascaram e adiam. Se você já está fazendo uso de alopatia retorne imediatamente ao seu médico e diga que você quer incluir a meditação no tratamento. Ou melhor, diga que você vai incluir, para que ele saiba que já é uma decisão tomada e possa lhe apoiar. Se você ainda não faz uso de remédio, tome o remédio mais natural e eficaz que existe: a prática meditativa.
Procure um professor de meditação agora mesmo. Se quiser meu assessoramento, seja bem-vindo, as portas estão abertas. E, acima de tudo, lembre-se: Você não é ansioso; nunca mais diga isso. Sempre que esse pensamento ocorrer, belisque seu braço com força e fique alerta. Aos poucos essa fake news sairá da sua cabeça!
9 – Gabhi, não sei o que faço. Quero terminar e não consigo. Existe meditação pra ajudar no relacionamento?
Amiga,
Agradeço pela pergunta. Agradeço também por continuar em contato; em tempos de vida digital intensa essa é uma forma de manter a chama da meditação acesa.
Você tem meditado? Esse não é o momento para parar de praticar; ao contrário, é agora que você deve tirar tudo que a meditação pode oferecer. O interessante é que justamente em momentos de crise é que deixamos de lado a meditação.
Outro dia recebi uma mensagem: Gabhi, hoje não estarei em nossa sessão; não estou muito bem, andei muito nervosa e preciso me acalmar!
Eu li aquilo e fiquei pensando. Não seria justamente agora que ela deveria meditar? Caí na gargalhada. Como a mente humana é astuta. Ela sempre arrumando das suas, sempre inventando uma e outra desculpa para fugir da meditação. A meditação é uma das portas de entrada no momento presente. Estou falando da meditação enquanto técnica; alguns métodos são poderosas formas de trazer a atenção de volta àquilo que realmente importa.
Fiz essa introdução para contextualizar minha resposta. Falando por experiência pessoal, confesso a você que relacionamento nenhum sobrevive ao tempo. Eu já passei por vários e nenhum permaneceu. Talvez você já tenha experimentado o mesmo. Todos tiveram um começo. Todos passaram por um período de maturação, de desenvolvimento, em maior ou menor escala.
E todos chegaram ao fim.
É um ciclo, como todas as coisas que existem. Porque os relacionamentos estariam de fora dessa lei universal? Me lembro do OSHO dizendo que é belo reconhecer quando o relacionamento chega ao fim. Se a memória não me falha, ele diz: ‘agradeça seu companheiro ou companheira pelos momentos vividos e permita-lhe que siga em frente’. E eu acrescento: permita-se seguir em frente também.
O OSHO também fala em relacionar-se e não em relacionamento. Relacionar-se é sempre aqui e agora, não tem futuro, não tem passado. Relacionamento é tempo; é algo que demanda tempo, tem os planos, as expectativas, etc. Tem sempre uma tensão no ar. Os urubus estão sempre sobrevoando. Pessoalmente, tenho flertado com a primeira possibilidade já de algum tempo. Estamos juntos aqui e agora. Desfrutamos, celebramos, conversamos, compartilhamos juntos. Mas e amanhã? Vamos comprar um apartamento juntos?
Opa! Aí não. O problema apareceu. Como posso me comprometer com algo tão vago? Como posso garantir que continuarei lhe amando amanhã? Eu lhe amo agora. Eu não vou mentir pra você na frente de um padre. Não irei repetir ‘até que a morte nos separe’, porque essa frase é de uma falsidade atroz. Quem garante?
Amar é verbo! (Satyaprem) Quando estou com você, estou absolutamente com você; não há dúvida, não estou pensando no trabalho, nem em outra pessoa. Não há espaço para isso. Relacionar-se é entrega total. E nisso há tremenda liberdade. O que você faz ou deixa de fazer da sua vida é problema unicamente seu. Ah, com quem você foi almoçar? Você saiu e não me avisou? Opa, segundo problema! Atenção. Caia de cabeça na meditação. Meditação é clareza. Meditação é a arte de relacionar-se consigo mesma e aí o outro vem para somar alguns momentos de prazer, de alegria, de êxtase.
Mas você já estará preenchida, o outro não será nenhuma muleta para você!
10 – Gabhi, com tanta coisa de graça, preciso pagar pra meditar?
Amigo,
Essa é uma pergunta bem masculina.
O homem, pra variar, sempre se preocupando com dinheiro. Em meus grupos de meditação, nas turmas que participo, 70% em geral são mulheres. Você tem que olhar para a meditação com olhos mais femininos, mais receptivos. Não é preciso pagar para meditar. Tem o google, o YouTube, tem aplicativos gratuitos, talvez tenha gente oferecendo a meditação sem cobrar. Esse não é o meu caso.
E não é que me importe muito se você vai pagar ou não. Eu não faço por dinheiro. Isso não é um trabalho convencional pra mim. Eu faria de qualquer maneira; a meditação é minha vida atualmente. Mas você terá que pagar se quiser meu apoio.
Vou te contar uma coisa.
Estou nisso já faz dez anos. Já encontrei muitos meditadores pelo caminho, muita gente praticando as mais diversas formas e métodos. Sabe quantos deles foram longe sozinhos, usando apenas aquilo que, como você disse, é grátis? Nenhum! Isso mesmo, nenhum.
Veja. Eu não sei muito sobre você. Talvez possa me falar um pouco mais – escreva com detalhes sobre sua experiência com a meditação no shak@gabhishak.com.br e lhe responderei assim que puder. Se você é um iniciante, se está começando na meditação, os aplicativos são uma boa porta de entrada. Mas saiba que não há nenhuma garantia de sucesso. Tem outra coisa que você deve saber. Existem centenas de técnicas diferentes.
Uma delas, ou algumas, certamente servirão pra você. Mas talvez não seja o vídeo no YouTube que escolheste. E aí você entrou pela porta errada, não conseguiu ou não gostou e vai sair por aí dizendo que meditar não é pra você, ou que é muito difícil…coisas do tipo. Quando você tem um profissional da meditação ao seu lado, as chances de encontrar seu caminho mais rápido são bem maiores. Ele vai lhe ensinar e permanecer ao seu lado. Você já foi à academia? Eu vi fotos suas malhando; parece que você gosta. É como fazer sozinho um tipo de treino que você nunca fez antes ou ter ao seu lado um ‘personal trainner’. Qual das opções vai lhe trazer melhores resultados? Fazer meia boca, muitas vezes errado, correndo o risco de se machucar, ou ter consigo um especialista?
Você não paga pelo personal? Por que não deveria pagar pelo professor de meditação?Outro exemplo. Quando você vai se consultar com um médico, ele cobra a consulta ou atende de graça? O professor de meditação é como um médico holístico que lhe receita a melhor medicina natural para sua situação de vida no momento.
E tem ainda mais. Tem algo que vou lhe dizer e talvez você não entenda agora. Mas escute, ou melhor, leia com carinho, com abertura e fique com isso. Quando você vem a mim, você não paga para o Gabhi, você paga para si mesmo!
11 – Gabhi, ouvi dizer que as pessoas que meditam são mais inteligentes. É verdade?
Amiga,
Sim, é verdade.
Tanto com relação à inteligência universal, cósmica; aquela de Buda, quanto ao intelecto, à cognição; aquela de Einstein. A meditação tem esse poder. Mas, ainda antes disso. O que significa para você ser inteligente? O que você quer dizer com isso? Em nossa sociedade, valoriza-se o acúmulo de informação. Comecemos pelo Einstein.
Por exemplo. Se você é um Doutor ou pós Doutor em algo, seu título é valorizado; você é respeitado pela especialização profunda que fizeste em algum assunto. Esse é um tipo de pessoa dita inteligente. Ela é um cientista, dissecou, avançou às entranhas. Usou uma lupa e destrinchou tudo que podia – em determinado tema ou área específica. Dizem que os novos engenheiros de computação ligados à internet e aos ‘games’ são inteligentes. Eles têm criado coisas novas a todo momento no mundo digital. E há outros tipos de inteligência, como os atletas por exemplo. Há quem os respeite, atribuindo-se-lhes tal adjetivo.
Passei boa parte da vida com meus avós. Na primeira infância convivia muito com os paternos. Eles moravam na fazenda e eu, sempre que podia queria estar com eles. Eu não queria ficar na casa do meu pai; minha vontade era a vida no campo com os avós, os cavalos, os cães… Depois, já na época da faculdade, com cerca de vinte anos, passei a viver com meus avós maternos. Fiquei muitos anos com os dois avôs. Ambos eram pra mim exemplos de inteligência, principalmente o pai do meu pai. Era um engenheiro civil formado creio que em uma das primeiras turmas da Universidade de São Paulo. Ele tinha orgulho disso. Depois virou fazendeiro e deixou um pouco de lado a profissão. Mas sempre teve um intelecto apurado. Ele era meu exemplo de inteligência. Construiu hospital, pontes e até barco de pesca.
Tive professores com memórias acima da média e tenho amigos com o cérebro bem mais ‘ágeis’ que o meu. Como eles conseguem pensar tão rápido? – as vezes me ocorre. Se é algum tipo de inteligência assim que você busca, poderá usar técnicas de meditação como uma forma de treinamento. Certamente aumentará a massa cinzenta, os neurônios se multiplicarão, a vida útil dos telômeros crescerá, a atividade no córtex pré-frontal será ampliada; tudo isso tem ocorrido com praticantes já nas primeiras semanas de prática.
Eu posso te ensinar se quiser. Conheço o método. E tem a inteligência de um Buda, que passei a entender como funciona de uns anos pra cá. Primeiro com OSHO, que já não está mais entre nós. Aquele tipo de homem não nasce todos os dias; talvez nasçam alguns a cada cinquenta anos, ou apenas um em cada século. OSHO falou de todos os assuntos possíveis com tamanha propriedade que somente um especialista poderia fazê-lo. E falou melhor que os próprios especialistas porque via a coisa toda de maneira ampla, total.
Ele é o maior gênio que já conheci, em todos os sentidos. E mais pra frente encontrei outro mestre, outro Buda, chamado Satyaprem, com o qual tenho a graça de poder estar junto nesse momento. É outro exemplo de inteligência cósmica. Essa inteligência, a dos Budas, não tem nada a ver com o acúmulo de informações que é mero produto da memória. Também não tem relação com a predisposição inata para alguma atividade, seja física ou tecnológica. É maior que tudo isso, é livre de condicionamentos, não está adstrita a nenhum sistema e tampouco pode ser mensurada.
Liberdade é seu sobrenome. Mas essa eu não posso ensinar, pois nenhum método servirá.
Encontre um Buda e você entenderá o que digo.
12 – Gabhi, sou atleta de futebol e tenho te acompanhado. A ansiedade tem me prejudicado nos momentos cruciais. Meditação ajuda nisso?
Amigo,
Vejo que você está jogando em Portugal.
Adoro esse país. Já estive por essas bandas algumas vezes. Passei um tempo na Portela, em Lisboa. Outro tempo na Ilha de São Miguel, nos Açores.Você conhece os Açores? Vale a pena. Eu amo Portugal.
Aproveite a experiência de estar aí. Não é pouco viver na Europa; você terá muitas oportunidades, dentro e fora de campo. Fique atento.
Nós já trabalhamos juntos em 2014; me lembro como foi. Naquele momento eu não usava a meditação nos atendimentos; se usava era bem pouco. Hoje, posso lhe dizer, eu só uso a meditação. O coaching, a PNL, todas aquelas ferramentas que você experimentou comigo não fazem mais parte do meu trabalho atual. Por que eu fiz isso?
Eu não fiz, foi acontecendo naturalmente. Na medida em que a prática meditativa ganhava mais espaço em minha vida, crescia também a necessidade de compartilhá-la com os outros. E eu fui adaptando, ajustando, pesquisando e trabalhando no método que utilizo atualmente com atletas e praticantes de atividade física de uma forma totalmente nova e fora do convencional.
Tenho usado exercícios que você poderá sentir na hora se lhe ajudam ou não. E, claro, depois desses anos, tenho hoje uma equipe comigo e muito mais ‘cancha’. O trabalho mudou porque comecei a observar que a meditação pode trazer muito mais benefícios que as antigas ferramentas. Ela tem um poder incrível.
A meditação pode fazer você correr mais, cansar menos, aumentar seus níveis de oxigenação e até mesmo a capacidade pulmonar. Ela pode desenvolver sua capacidade criativa. Você verá que aparecem coisas novas em seu jogo que nem saberá de onde vieram. A meditação reduz o stress e a ansiedade como nenhuma outra metodologia – isso é científico. Tem muita pesquisa médica nesse assunto. E eu já vi dezenas de atletas esquecerem essa tal ansiedade e experimentarem uma nova forma de levar a vida.
A meditação é a ‘droga’ mais poderosa do século XXI no esporte. Esqueça aquela ideia antiga de ‘doping’. Para turbinar o cérebro – meditação. Para comer melhor – meditação. Para ampliar a visão espacial – meditação. Para ficar mais concentrado – meditação. Para aumentar o foco – meditação. O que mais um atleta precisa?
O que acontece nos momentos cruciais é que seu estado mental muda, as emoções tomam conta de todo seu corpo e você, na maioria das vezes entra em um ‘loop’, em um círculo vicioso. Enquanto está dentro do loop, com a química alterada, com os batimentos acelerados e a visão turva, seu jogo cai de produção e, invariavelmente você erra. Saber lidar com a mente é o grande presente da meditação. Meditando você passa a conhecer como sua mente funciona e, gradualmente, poderá verificar por si só como ela age nos momentos de ‘crise’, ou de tensão, ou cruciais, como você disse.
Meditar é a chave do sucesso para todo e qualquer atleta moderno.
Seja bem-vindo!
13 – Gabhi, em tempos difíceis como os que estamos vivendo, como a meditação pode ajudar?
Amigo,
Saudades de você.
Só ela pode lhe ajudar. Nem a vacina tem mais poder. Você pode tomar a vacina, mas se o medo e a confusão permanecerem na sua mente, de que adianta? Já há suficiente informação em nível científico para comprovar que os pensamentos influenciam o cérebro; que por sua vez é o centro de comando do corpo. Eles (pensamentos) têm a faculdade de causar danos graves.
E com isso a questão toma outro rumo.
Os sintomas podem surgir mesmo que seu teste tenha sido negativo. Eu tenho conversado com profissionais da saúde, venho dialogando com quem está na ‘linha de frente’ desde o começo da pandemia. Tenho recebido informações que estão além daquilo que sai nos veículos de comunicação. Posso lhe assegurar que há um grande número de pessoas manifestando sintomas sem ter o vírus no corpo. Elas estão somatizando.
Pouco se comenta a respeito, mas há o COVID psicossomático. Fique atendo. Você precisa de duas vacinas, não apenas uma. Uma para o corpo e outra para a mente. E qual o papel da meditação em tudo isso? É ela a vacina mental. Meditando o medo arrefece. Meditando a confusão diminui. Meditando surge maior clareza.Meditando os pensamentos podem ser vistos por você. E ver os pensamentos é o maior milagre da medicina. Se houver atenção ao fluxo de pensamentos, sejam eles quais forem, eles perdem força sobre você. A atenção interrompe o processo de somatização.
E atenção e meditação são sinônimos. Em tempos difíceis, usando suas palavras, a meditação é a coisa mais importante que existe. Eu fico feliz de receber sua pergunta e ver que a questão surgiu em você. Posso lhe dizer por experiência pessoal. Conheço e tenho trabalhado com muitas pessoas que alcançam níveis inimagináveis de saúde física e equilíbrio emocional com a prática meditativa. É uma revolução o que elas têm conseguido em suas vidas. É um milagre real visível, palpável.
Eu inclusive desafio você testar em si aquilo que estou dizendo. Experimente. Trinta dias é o suficiente. Sessenta se fores corajoso. Tenha coragem de mudar a maneira como vês o mundo. Tenha coragem de mudar a maneira como se vê. E você vai perceber que esse cenário todo a que você se refere negativamente e com uma certa preocupação também irá mudar. Não que haverá negação da sua parte. Não é isso, mas poderá surgir uma forma muito mais tranquila e inteligente de lidar com tudo que está acontecendo.
Como dizem os budistas, trata-se de ‘aceitar aquilo que é’. Sem análise, sem julgamento; sem negativo ou positivo. Sem medo, sem preocupar-se com aquilo que está por vir.
Quem sabe o que está por vir? Lá em março de 2020 você imaginaria que estaríamos em 2021 ainda vivendo a mesma coisa? Acho que não. Quem poderia prever? Tome a vacina meditativa. Pratique meditação; agora mais do que nunca. Estou com você.
É impossível que não esteja.
14 – Gabhi, fico assustada com algumas coisas que acontecem durante a meditação. As vezes aparecem fantasmas, as vezes tem uma escuridão sem fim, outras vezes uma sensação de desespero…como posso lidar com isso?
Amiga,
Eu sei o que está dizendo.
Deixe que tudo isso se manifeste. Não apague a luz, não interrompa a meditação. Você terá que passar por isso. Talvez muitas e muitas vezes. Mas saiba, a cada vez você fica mais forte e consciente.
É como aquela história da luz e escuridão. A luz não conhece a escuridão. Ela nunca viu a escuridão. Onde ela está, a escuridão nunca está. Como pode estar? Sempre que a luz aparece, a escuridão desaparece. A meditação é essa luz e a atenção, por sua vez, o holofote. Todos nós acumulamos muito lixo. Desde crianças vamos juntando toda a poeira oriunda das frustrações, das decepções, dos abusos que sofremos, das relações e de todas as situações mal resolvidas.
E para onde vai isso? Não vai. Fica alojado, guardado no subconsciente, vindo à tona quando menos esperamos. E agora, você está acendendo a luz. Você começou a ligar seu holofote. A sujeira que estava embaixo do tapete não pode mais se esconder. Os ‘fantasmas’, antes acostumados a vagar livremente, agora estão atônitos. Você está percebendo e é isso mesmo que deve acontecer.
O segredo aqui é: não tome partido, não se envolva, não se assuste.Veja tudo isso como um filme. Toda vez que sentar em meditação e os fenômenos começarem a aparecer na sua mente, assista como se estivesse vendo seu seriado preferido. Mantenha acesa a luz da atenção. Quanto mais feio for o pensamento, maior deve ser a atenção – olho neles.
No começo você poderá se envolver, é provável que se perca, que esqueça que tudo isso é um filme. Não se importe. Tome consciência que é assim que é. Volte novamente a observar atentamente toda a loucura da sua mente. Se começarem manifestações em seu corpo (suor, batimentos acelerados, náusea, falta de ar…), use algumas das técnicas de respiração que lhe ensinei – elas alteram o estado mental e pouco a pouco você volta ao normal.
É um processo da mente, está saindo, você está expurgando, jogando o lixo fora…ele precisa sair e essa é uma das portas de saída. Ajuda se você praticar meditações ativas nesse momento. Mantenha a prática passiva de observar os pensamentos, mas acrescente em sua rotina técnicas que mexam com a energia do corpo.
As técnicas do OSHO são as melhores nesse aspecto. Você já experimentou a meditação dinâmica? Tem tudo no site oficial OSHO.com. E há outras, fique à vontade para falar comigo e tirar suas dúvidas no shak@gabhishak.com.br
Então, resumindo: Meditação ativa + meditação passiva. Mova a energia, mexa bem o corpo. E depois sente-se silenciosamente e observe tudo que ocorre. Observe seu corpo. Sinta a respiração acontecendo. Observe sua mente. As vezes presente, outras ausente. Algumas vezes fantasmas, outras flores. Alguns momentos de escuridão assustadora; em outros o céu é claro e as gaivotas voam alegremente.
Tudo vai e vem. Toda essa parafernália aparece e desaparece. Até que não apareça mais. Tenha paciência. Curta a jornada.
Aproveite o filme.
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