A pandemia faz parte da Nova Era?
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
Você certamente já ouviu falar em nova era e transição planetária. E também já deve ter ouvido que essa transição está acontecendo aos poucos e que a pandemia que enfrentamos é parte dela. O que isso significa? Já é possível pensar sobre como será o futuro? Vamos sair desta provação mais evoluídos?
Ainda é cedo para dizer, mas tem mudanças que vieram para ficar.
A cura depende de nós
Tudo que nos acontece faz parte do nosso aprendizado.
Não porque Deus nos envie castigos, mas porque ele nos deu o presente da escolha e nos permite lidar com os resultados delas, aprender com nossos erros. Deus está muito mais nos processos que vivenciamos do que em uma nuvem no céu decidindo o destino das pessoas. Ele não salva nem castiga; ele apoia, acompanha e nos dá quantas chances precisarmos para concluir o curso no projeto chamado Terra.
“É parte da cura o desejo de ser curado”
Nenhuma mágica vai acontecer. As naves não vão surgir nos céus, os anjos não vão descer para salvar ninguém. Nós criamos essa pandemia. Nossas ações, enquanto humanidade, criaram essa pandemia. Vírus não tem nacionalidade e, apesar de invisível, não tem nada de espiritual. Mesmo que ele tivesse nacionalidade, foi a negligência de todas as nações que fez com que a pandemia se tornasse altamente mortal em muitos países. Em janeiro o mundo já sabia da epidemia na China, mas a Itália só assumiu o surto quando já contabilizava milhares de casos. O mesmo aconteceu na Espanha, Reino Unido, Estados Unidos. E agora acontece no Brasil. E porque os chefes de Estado preferem negar uma pandemia? Pela economia, pelo estrago financeiro que uma quarentena causa. Esse comportamento é histórico: aconteceu com a peste negra, aconteceu com a gripe espanhola e acontece agora com o coronavírus. Outra atitude histórica é transferir a culpa, quase sempre para um inimigo. Foram os judeus que envenenaram os poços com a peste, a gripe suína foi culpa dos mexicanos, HIV (o “câncer gay” como era chamado época) era um castigo divino para degenerados e o coronavírus foi criado pela própria China para fazer crescer mais ainda sua economia próspera e comunista. Já vimos esse filme antes.
É nossa relação com a natureza que desencadeia epidemias e nosso comportamento enquanto sociedade que as transforma em pandemias mortais. Se todos estivessem em casa (se todos pudessem ficar em casa) a pandemia já teria acabado. Talvez nem tivesse começado no ocidente. Isso significa que a cura depende de nós. Fomos nós que despertamos esse monstro e somos nós que temos que colocá-lo para dormir de novo.
Já começamos mal
Se o que estamos vendo acontecer no Brasil e no mundo é sinal de evolução, estamos muito mal-informados. Veja, tudo traz evolução. Despertar é um processo e sem dúvida estamos nesse processo. Mas não podemos dizer que já atingimos um patamar onde a maior parte das pessoas está mais consciente e somente uma minoria causa problemas.
Não. É justamente o contrário.
Temos meia dúzia de pessoas acordadas e uma grande massa que ainda responde ao dinheiro e ao ego. No Brasil esse estado “zumbi” fica claro quando observamos a quantidade de pessoas contra o isolamento, as carreatas contra a quarentena, a condução do presidente da república e quantos empresários disseram “e daí?” muito antes de Bolsonaro. Espero que todos sejam eternamente lembrados como as pessoas que disseram que “o Brasil não pode parar por causa de 6 mil pessoas que podem morrer”. E morreram mesmo.
Era para ser um momento de união, de solidariedade, de revisão de valores. Mas, até agora, ainda somos o velho mundo. Ainda somos os mesmos.
Começamos essa pandemia negando a existência dela. O mundo inteiro fez isso. Na Europa e América, o pensamento mais comum era “isso não vai chegar aqui”, seguido de explicações sobre o clima quente, sobre ser uma arma química ou qualquer outra besteira do tipo. E chegou, chegou em todos e em todos se alastrou da mesma forma. País após país, vimos as quarentenas serem declaradas e quem demorou mais para agir pagou um preço humano e financeiro altíssimo. Quanto maior o surto, mais tempo dura a quarentena e mais a economia é afetada. O lockdown chega, cedo ou tarde.
Depois começaram a culpar a China, a disputar equipamentos e até mesmo roubar materiais de outros países. No Brasil o vírus conseguiu criar uma instabilidade política enorme, outro sinal do quanto começamos mal. Na Europa, esse bloco unido de países fortes, a coisa também não correu bem. Não teve a fraternidade esperada, ninguém enviou nada para ninguém e começou um movimento de desconfiança contra alguns países, pois, alguns outros estavam preocupados com a “conta”. Nesses casos, quem é dono do dinheiro sempre se preocupa com quem vai pagar a conta.
O mundo ideal de cada um
É curioso perceber como é o mundo ideal para cada grupo. Para os evangélicos é um mundo casto, ungido e governado por Jesus. Para um muçulmano, um mundo onde ainda existem religiões que não a islâmica é um mundo impuro. Para os católicos é necessário catequizar, pois sem Cristo ninguém pode viver. Tem gente que vê na ditadura uma solução, enquanto outros desejam o poder horizontal do sonho anarquista. Tem gente que quer o mundo de uma cor só. O que quase nunca está em discussão é a pobreza, o acúmulo de riquezas, a igualdade e bem-estar social. Todos apresentam projetos de poder e desejam se impor às ideias contrárias. Mas nenhum apresenta um projeto de humanidade que realmente faça do mundo um lugar melhor para TODOS.
“Todo mundo é ateu quando se trata da religião do outro”
Esperamos que o mundo mude, mas queremos que ele mude para nós, que seja o nosso mundo. Só a minha religião é certa, só o meu deus salva. Só o meu partido é honesto, só o meu político é santo. É doutrinação levar uma criança na umbanda, mas é consagração e benção batizar um bebê. Quando eu ataco é defesa, quando me atacam é terrorismo.
Quem pode dizer qual dos mundos é o certo? Que nova era podemos esperar de uma humanidade tão presa ao próprio umbigo? Não vai ser fácil organizar essa Torre de Babel.
O que imaginamos que vai mudar
Cada um projeta na nova era a mudança que quer ver, seu próprio projeto de transformação.
É uma mágica que acontece: a espiritualidade separa o joio do trigo e tudo fica transformado. O sistema que criamos é o mesmo, continuamos fazendo as mesmas coisas, mas depois da intervenção divina a diferença é que essas pessoas que “incomodam” são levadas daqui.
Como pensamos estar do lado certo da história, a punição vem sempre para o outro. E a culpa das coisas também é sempre desse outro. Basta eles sumirem da face da Terra e tudo fica resolvido. É como se a transição, essa transformação de luz fosse um presente para os já evoluídos, os despertos, imaculados e conscientes que só devem aguardar que esse dia chegue. Basta esperar.
Enquanto os ideais de mundo estiverem separados não vai haver mudança. Só quando aceitarmos as diferenças e tivermos valores humanos envolvidos nessas projeções é que vamos poder pensar em alguma transformação.
Nada será como antes
Se do ponto de vista espiritual é difícil ser otimista em relação a qualquer mudança, da perspectiva prática podemos ter uma ideia de como será o mundo pós-pandemia. Outros momentos históricos como o 11 de setembro, por exemplo, mostram que muitas vezes medidas tomadas em momentos excepcionais acabam se tornando permanentes.
Medo de vírus novos
Por muito tempo vamos temer um novo surto, o aparecimento de um novo vírus. Aglomerações vão ser vistas com desconfiança e com certeza vamos lavar as mãos mais vezes. Muito mais vezes. É possível que esse medo nascido da experiência com o coronavírus faça as pessoas terem mais reservas e acumular mais recursos. Talvez as máscaras nunca mais deixem de ser uma tendência e sejam aquele tipo acessório que de tempos em tempos volta aos holofotes da moda.
Apertar as mãos das pessoas também é algo que provavelmente não vamos fazer com a mesma naturalidade após a pandemia. Apesar de muito antigo (os primeiros registros são do século 9 a.C.), o aperto de mãos não é tão universal quanto imaginamos e, quando a pandemia for superada, talvez seja ainda menos.
Vigilância
A política de vigilância nunca esteve tão forte e nunca foi tão apoiada pela população. Não é de hoje que sabemos que nossos dados são roubados e que somos observados nas redes, mas com a pandemia nós entregamos com alegria nossa privacidade para as autoridades.
Na Coreia do Sul, o combate bem-sucedido do novo coronavírus se deu através da coleta de dados de geolocalização, compras de cartão de crédito, consumo em farmácias e câmeras de vigilância. Esses dados ficam disponíveis ao público por meio de um aplicativo que permite rastrear os infectados. Na Rússia, câmeras de reconhecimento facial vigiam quem está na quarentena obrigatória. A China usou drones para controlar os movimentos dos cidadãos e de câmeras de vigilância com reconhecimento facial. Israel usa os celulares das pessoas infectadas para rastrear seus passos, mesmo antes do diagnóstico de coronavírus. A vigilância está mesmo se espalhando pelo mundo: a Apple e Google já anunciaram que estão desenvolvendo um novo sistema de rastreamento para o iOS e o Android. Por que será?
“Hoje, muitos de nós já abrimos mão de nossa privacidade e individualidade, registramos cada uma de nossas ações, conduzimos nossa vida on-line e ficamos histéricos se nossa conexão com a rede se interrompe mesmo que por alguns minutos”
O medo da pandemia será a justificativa para adicionarmos cada vez mais camadas de vigilância social. O historiador Yuval Harari afirma que a Covid-19 pode se revelar um divisor de águas na história da vigilância. Isso porque ela ajudou a normalizar seu uso em países democráticos e vai fazer com que a saúde das pessoas seja um assunto de interesse do Estado. Daqui para frente, podemos aceitar que nossa saúde seja monitorada por aplicativos como relógios smart, que fariam a coleta de dados sobre nossos batimentos cardíacos e temperatura corporal. Com posse dessas informações, o governo poderia saber quem está doente e quem não está. Mas o que acontece quando o governo conseguir monitorar nossa navegação na internet, ao mesmo tempo que acompanha nossos batimentos cardíacos? Ele fica a um passo de conseguir, de fato, saber o que pensamos.
Esse mundo distópico pode não se concretizar, mas fica a pergunta: o que vai acontecer com nossos dados quando o coronavírus passar?
Ciência vai reinar
Nem tudo está perdido! Uma projeção otimista de futuro que pode ser feita para essa nova era é a volta da ciência com a rainha da razão. Se hoje enfrentamos tempos de terra plana e movimentos antivacina, com o fim da pandemia quem vai reinar é ela. O motivo é bem simples: quando a ciência diz que o aquecimento global é uma realidade, a prova disso demora anos para aparecer. Não acreditar no aquecimento global é uma herança que deixamos para os nossos netos e bisnetos. Não acreditar na pandemia pode matar agora. Entre o momento que o coronavírus foi chamado de fantasia pelo presidente até termos 90 mil infectados e 6 mil mortos, passaram apenas 60 dias. Na pandemia a conta da ignorância chega voando. Uma semana o cara está na televisão falando contra a quarentena e na outra está hospitalizado pedindo conscientização.
“A vida sem ciência é uma espécie de morte”
Quem determina o que devemos fazer agora é a ciência.
Quem diz qual tratamento é eficaz contra o coronavírus é a ciência e quem pode nos oferecer uma imunidade é a ciência. Essa é a verdadeira nova era: uma ciência compartilhada por todos, uma ciência que saiu das trevas e descobriu a consciência.
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