Ser feliz com menos: menor consumo, maior equilíbrio emocional
A relação entre o consumo excessivo e o desequilíbrio de emoções não é uma novidade. Diferentes estudos mostram como o ambiente em que vivemos influencia o estado da nossa saúde mental. Espaços desarrumados estão relacionados com estados depressivos e o acúmulo de objetos tem impacto no humor e na autoestima. É possível ser feliz com menos? Acreditamos que sim. Menos consumo e maior equilíbrio emocional. E, de bônus, um ambiente mais sustentável.
Vivemos demasiado ocupados na busca de uma felicidade em que o ter se sobrepõe ao ser. As redes sociais reforçam a ilusão da perfeição, quase sempre associada ao consumismo. Diariamente, através das novas tecnologias, publicidade e informação variadas, somos bombardeados com promessas milagrosas que garantem receitas de felicidade quase instantâneas. E, assim, em vez de aproveitarmos o que a vida oferece, participamos num círculo vicioso, em que vivemos, de salário em salário, para pagar ideias prontas de felicidade, muitas vezes feitas à medida do outro.
Organizar é a palavra de ordem para o Equilíbrio Emocional
O segredo é simples: parar e pensar. Permitir-se sair do padrão habitual, imposto por uma sociedade cada vez mais consumista, e desligar o piloto automático. O consumo por si só não é mau hábito. O que torna o consumo mau são as causas por trás desse comportamento, bem como o excesso. Armários cheios, estantes abarrotadas. Com o tempo, torna-se quase impossível manter tudo organizado. Uma das formas de quebrar o hábito do consumo excessivo é organizar a casa. Ao arrumar os seus armários, estantes e gavetas, irá perceber se o excesso está presente em sua vida.
Para a especialista japonesa em organização pessoal, Marie Kondo, tudo se resume a uma pergunta: “Este objeto me faz feliz?”. Kondo defende que tudo o que temos deve, de alguma forma, estar associado ao sentimento de alegria e felicidade. Roupas e objetos. Ao pegar, tocar ou olhar para um objeto, devemos sentir alegria. Caso contrário, o melhor é deixá-lo cumprir a sua função em outro lugar.
Com menos objetos em casa, verá que as tarefas domésticas serão mais fáceis, simples e rápidas, garantindo mais tempo para que se dedique a outras coisas que lhe dão prazer. É muito provável que a sua casa seja cada vez mais vista por si como um espaço de conforto e alegria, sentimentos associados a atividades prazerosas.
Faça o teste. Organize a sua casa, procure desfazer-se do excesso e veja o impacto que terá sobre o seu humor e autoestima. Comece hoje mesmo a mudar a sua vida!
- Para arrumar os armários, por exemplo, esvazie-os e coloque os objetos e roupas num local em que seja possível vê-los, só assim terá noção se há ou não excesso;
- Siga o conselho de Marie Kondo e segure os objetos/roupas em suas mãos. Sente alegria? Guarde. Caso contrário, dê a quem precisa;
- Veja há quanto tempo não usa determinadas peças de roupa. Se for há mais um ano, o melhor é doar;
- Qual a utilidade em ter vários jogos de louça e aparelhos de jantar? Escolha aquele que lhe dá mais felicidade e utilize-o! Afinal, todos os dias são especiais;
- Não guarde roupas ou toalhas manchadas ou rasgadas, nem vidros partidos;
- Lembre-se que as memórias estarão para sempre consigo no seu coração, os objetos não são os seus guardiões;
- As caixas são verdadeiras aliadas na arrumação. Utilize caixas de diferentes tamanhos e cores para facilitar a organização;
- Ao longo do tempo, continue a questionar se os objetos lhe trazem felicidade ou agregam valor à sua vida e mantenha apenas os que merecerem uma resposta positiva.
O desapego traz renovação
Durante o processo de organização, que inclui desfazer-se do que não faz mais sentido para a sua vida, terá a oportunidade de praticar o desapego em vários momentos. Encare toda essa experiência como um processo de aprendizagem vital para o seu equilíbrio emocional.
É sabido que, nos relacionamentos, os outros não devem ser responsáveis por suprir as nossas necessidades emocionais. Se levarmos esta máxima para o campo material, facilmente entendemos que os objetos não devem ter a função de preencher espaços vazios dentro de nós e nem devemos atribuir-lhes a fonte da nossa felicidade. Não lhes dê esse poder.
Viver o aqui e agora, ou seja, o momento presente, também se aplica às questões materiais. Não guarde objetos apenas porque carregam sentimentos e memórias passadas. O mesmo vale para aqueles objetos que acumulamos na esperança de serem úteis no futuro.
Nada é eterno. E isto serve tanto para as relações quanto para o que existe no campo material. A vida é uma dança constante em permanente mudança. Aprender a viver com menos e encontrar em nós a verdadeira alegria da vida é o segredo da nossa jornada. Só assim, ao deixar ir o que não faz sentido ou não traz alegria, é que abrimos espaço para o novo, para a renovação.
E lembre-se: nenhum objeto, por mais valioso que seja, irá conseguir igualar o que uma experiência é capaz de proporcionar. É por isso que cada vez mais pessoas investem os seus recursos financeiros em experiências que lhes deem prazer, como viagens, momentos de aprendizagem e de partilha.
Consumo responsável e Ambiente sustentável
Os benefícios de um consumo responsável trazem benefícios não só para a nossa saúde emocional, mas também para o Ambiente. A ideia de consumo consciente está intimamente ligada à sustentabilidade ambiental. Ao consumirmos de acordo com as nossas reais necessidades, evitamos o excesso e consequentemente o desperdício, respeitando o Ambiente.
Pequenos gestos diários podem fazer a diferença para o seu equilíbrio emocional:
- Mude padrões de pensamento: você não é o que você possui;
- Não dependa dos seus desejos, exercite o autocontrole;
- Não compre por impulso. Entre o momento em que decide comprar algo até à sua concretização, espere alguns dias. Isso ajudará a evitar o consumismo;
- Pense antes de comprar. Questione se é realmente necessário;
- Aposte mais na qualidade e não na quantidade.
Consumir de forma responsável ajuda a evitar gastos desnecessários de recursos em processos de reciclagem. Com o foco no consumo, contribui-se de forma decisiva logo no início do ciclo de vida dos resíduos. Como diz o ditado: “a melhor forma de tratar o problema é evitar que ele aconteça”. Faça a sua parte e viva de forma consciente. O seu equilíbrio emocional e o Ambiente agradecem.
“A Magia da Arrumação”, com Marie Kondo
“Minimalismo: um documentário sobre coisas importantes”, com Joshua Fields Millburns e Ryan Nicodemus
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