A Influência do Campo Sistêmico nas Organizações

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Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.

“Nas últimas décadas, o olhar sistêmico vem ganhado cada vez mais espaço nas organizações que buscam ir além dos diagnósticos superficiais para entender, de fato, a dinâmica profunda que sustenta — ou compromete — os relacionamentos, a produtividade e o bem-estar coletivo.”

No contexto atual de transformações profundas nas relações de trabalho, a área de Recursos Humanos tem sido convocada a ocupar um papel ainda mais estratégico: cuidar da saúde relacional nos sistemas organizacionais e promover ambientes psicologicamente seguros, engajados e sustentáveis.

Nesse cenário, o campo sistêmico surge como uma lente essencial para compreender as dinâmicas ocultas que influenciam o comportamento das pessoas, a cultura corporativa e os riscos psicossociais.

O que é o Campo Sistêmico?

O campo sistêmico é uma espécie de “inteligência invisível” que atua nos bastidores das organizações. Ele é formado pelos vínculos, lealdades, padrões inconscientes e estruturas de pertencimento que influenciam profundamente as relações humanas e o funcionamento coletivo.
Frequentemente, os desafios enfrentados pelo RH — como conflitos interpessoais recorrentes, adoecimento emocional, dificuldades de liderança, alta rotatividade ou resistência à mudança — estão enraizados em desordens nesse campo, e não apenas em fatores técnicos ou individuais.

Por que o RH deve considerar o Campo Sistêmico?

Porque ele permite ir além dos sintomas e atuar nas causas profundas dos desafios organizacionais. Em vez de intervir apenas com treinamentos, mediações ou programas de bem-estar, o olhar sistêmico ajuda a diagnosticar:

Exclusões sutis que geram desengajamento;
Papéis ambíguos que causam sobrecarga e tensão;
Hierarquias fragilizadas que comprometem a liderança;
Conflitos que expressam lealdades ocultas ou repetições inconscientes.

Esse tipo de compreensão fortalece a atuação da área de gestão de pessoas como agente de transformação cultural e de sustentabilidade humana.

Gestão de Riscos Psicossociais com Consciência Sistêmica

Burnout, assédio moral, sobrecarga emocional, estresse crônico. Os riscos psicossociais são hoje uma das maiores preocupações nas organizações. Mas como preveni-los com efetividade?

Ao aplicar o olhar sistêmico, o RH pode identificar fatores estruturais e relacionais que alimentam esses riscos invisivelmente, como:

Falta de reconhecimento simbólico ou histórico;
Modelos de liderança desatualizados com o campo atual;
Desequilíbrio entre pertencimento e autonomia nas equipes.

Tratar essas causas sistêmicas não apenas reduz os riscos psicossociais, mas promove culturas organizacionais mais saudáveis e resilientes.

Como dizia Bert Hellinger, um dos grandes inspiradores dessa abordagem:

“A alma de uma organização é mantida viva quando todos têm um lugar reconhecido e respeitado.”

Com a atualização da Norma Regulamentadora Nº1 – a NR-1, que entrará em vigor em maio de 2025 no Brasil, ainda que em caráter educativo e orientativo, o tema dos riscos psicossociais ganha ainda mais destaque e responsabilidade dentro das organizações — especialmente no escopo do RH.

A abordagem sistêmica permite entender como o próprio sistema contribui para o adoecimento emocional e relacional, ao invés de focar apenas em soluções paliativas, como afastamentos ou ações isoladas de bem-estar.

Como vimos, a consciência sistêmica contribui para a gestão dos riscos psicossociais ao diagnosticar desordens ocultas no campo organizacional, como exclusões, inversões hierárquicas ou vínculos rompidos; promover reestruturações simbólicas e práticas, que restauram o equilíbrio, o pertencimento e o fluxo saudável de comunicação; fortalecer a cultura de segurança psicológica, ao reconhecer e integrar histórias, papéis e identidades do sistema; e apoiar lideranças na leitura mais profunda de suas equipes, prevenindo sobrecargas emocionais e padrões autossabotadores.

Mais do que auxiliar a cumprir uma norma, essa abordagem promove responsabilidade coletiva, saúde organizacional e engajamento genuíno — pilares fundamentais para organizações mais humanas, conscientes e sustentáveis.

Exemplos Práticos de Aplicação do Cmpo Sistêmico em Empresas

A seguir, apresento algumas aplicações práticas, com base nas minhas atividades em organizações, utilizando dentre outras ferramentas o Mapa Sistêmico SeVen, que é uma metodologia inovadora que permite mapear com clareza as dinâmicas ocultas presentes em pessoas, equipes e organizações.

Redução de Conflitos em Equipes Multigeracionais

Uma organização do setor de tecnologia enfrentava tensões frequentes entre profissionais seniores e jovens talentos recém-chegados. Com o uso de ferramentas sistêmicas, foi possível identificar um desequilíbrio na hierarquia simbólica: os mais experientes se sentiam desvalorizados, enquanto os mais jovens não compreendiam os códigos culturais do grupo. A partir disso, a área de RH promoveu rodas de conversa e práticas de reconhecimento cruzado, fortalecendo o respeito mútuo e reduzindo os conflitos.

Campo Sistêmico no Diagnóstico de Burnout em Alta Liderança

Em uma empresa da área da saúde, três diretores pediram afastamento por esgotamento emocional em menos de um ano. A análise sistêmica revelou uma dinâmica de “salvadores do sistema”, onde líderes assumiam responsabilidades heroicas fora do seu papel para compensar a falta de autonomia nas camadas abaixo. Com esse diagnóstico, a organização redesenhou os fluxos de poder e investiu em empoderamento da média gestão, reduzindo significativamente os riscos psicossociais.

Integração Cultural após Fusão de Empresas

Após a fusão entre duas empresas familiares, percebeu-se um aumento no turnover e na desmotivação. Com a aplicação do mapeamento sistêmico, identificou-se que parte dos colaboradores não tinha o seu poder reconhecido no novo sistema. Intervenções focadas em reconhecimento das histórias anteriores, rituais de transição e construção de uma nova narrativa coletiva permitiram a reconstrução do senso de pertencimento e engajamento.

O Futuro do RH: mais humano, mais sistêmico

Executivos de RH que desenvolvem essa escuta sistêmica se tornam protagonistas de uma nova forma de gestão: mais sensível, mais profunda e mais estratégica. Em tempos de alta complexidade e mudança, compreender o sistema humano da organização é o diferencial que permite criar ambientes não apenas produtivos, mas também vivos, saudáveis e inspiradores.

A consciência sistêmica nas organizações não é um modismo, mas um chamado para uma nova forma de olhar, liderar e cuidar dos sistemas humanos. À medida que mais empresas incorporam essa abordagem, tornam-se ambientes mais saudáveis, inovadores e preparados para os desafios complexos do nosso tempo.

Peter Senge, autor de “A Quinta Disciplina”, dentre outras obras, citou:

“As organizações que aprendem são possíveis porque as pessoas são capazes de reconhecer padrões e mudar os sistemas que sustentam comportamentos indesejáveis.”

Nesse contexto, ferramentas para entender o campo sistêmico como as Constelações Sistêmicas Organizacionais e o Mapa Sistêmico SeVen tornam-se aliados indispensáveis para líderes que desejam não apenas gerenciar, mas transformar suas organizações de dentro para fora.
O Mapa Sistêmico SeVen, uma ferramenta prática, com base na Psicologia Positiva, que busca traduzir toda essa complexidade de modo estruturado e aplicável na realidade organizacional. Por meio arquétipos e forças de caráter para análise, o método permite:

Mapear os padrões ocultos que afetam equipes e lideranças;
Diagnosticar desequilíbrios sistêmicos com precisão;
Apoiar decisões estratégicas de desenvolvimento humano;
Conduzir intervenções assertivas com foco em resultados sustentáveis.

O convite está feito: que tal ampliar o seu repertório com essa visão sistêmica e poderosa?

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