Somos a soma de muitos: a conexão que une as consciências por Emmanuel
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
“Somos a soma de muitos.”
Essa frase está no livro Pensamento e Vida, de autoria de Emmanuel e psicografado pelo médium Chico Xavier. E, para quem está na jornada do despertar, ela possui um significado precioso: um direcionamento sobre a condição da existência humana capaz de transformar visões de mundo.
Essa afirmação transcende a noção básica e já bastante difundida sobre a conexão que existe entre nós, humanos, e toda a vida na Terra. Ela nos mostra como os laços espirituais que servem de ligação entre todas as consciências podem se dar inclusive na matéria, retirando de nós os louros da formação de valores e de uma cultura, que costumamos pensar como conquistas individuais. Assim, através dela percorremos um caminho que prova que autossuficiência não existe e que nada, absolutamente nada é criado do zero, porque somos a soma de muitos.
O que constrói nosso espírito é a pluralidade e a diversidade
Para começar, devemos pensar na soma das muitas personalidades que existem dentro de nós. Quando assumimos como fato a reencarnação, estamos partindo do princípio de que todas as almas que estão encarnadas já viveram outras experiências. Uma mesma consciência nasce e renasce na imensidão do cosmos, para viver experiências através das quais se dá o processo de evolução moral e espiritual. Você já se questionou em que reencarnação você está vivendo hoje?
Passamos, como sabemos, por um processo de esquecimento para que seja possível reencarnar sem as lembranças claras do passado. Mas isso não significa que essas vivências não tenham grande influência sobre a nossa vida atual. Pelo contrário, trazemos as impressões das experiências passadas, cicatrizes na alma que não são lembradas racionalmente por nós, mas que acabam direcionando nossas tendências emocionais e espirituais. Aliás, é através da análise das vidas passadas que se dá a programação da encarnação atual.
“O comportamento é um espelho no qual todos mostramos o que somos”
Tudo que aprendemos de bom, ou seja, toda a evolução espiritual construída no passado também é trazidas para a vida atual. Logo, podemos perceber que nossa personalidade não é moldada pelo desenrolar da vida na matéria, através do que aprendemos quando nascemos. Costumamos pensar que somos os nossos valores, aquilo que aprendemos no seio da família, na escola e através da vivência.
Mas não.
O molde que forja o nosso espírito foi construído através da passagem do tempo e pelas experiências que tivemos. Somos a soma de muitos, a reunião de diversas personalidades que tivemos em vidas passadas. O que constrói nosso espírito é a pluralidade a diversidade. Não somos, estamos. Não sou a fulana, estou fulana. Existe dentro de nós vários “eus”, várias pessoas que vivemos em várias vidas. Expressamos milhares de criaturas e várias criaturas nos expressam.
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Nada se “cria” do zero, ninguém “cria” nada
Essa visão também é transformadora e traz uma urgência pelo respeito à diversidade e ao passado, causando uma dissolução do nosso ego na história humana. Temos uma mania de pensar que nosso brilhantismo é único, fruto de uma iluminação e uma inteligência advindas de uma mente diferenciada.
Mas, tenha certeza, tudo o que você pensa já foi pensado anteriormente e de forma muito melhor. Ninguém cria nada. Tudo que aprendemos com alguém ou lemos em algum livro, nos foi oferecido por antepassados. Até mesmo os valores culturais que sustentam uma determinada sociedade e que costumamos chamar de “meus valores”, são construções da história, não nossas. Ninguém nasce pronto, com uma personalidade moldada e finalizada. E o que chamamos de cultura nada mais é do que regras estabelecidas por povos através de sistemas de pensamento de outras consciências.
Isso fica fácil de perceber quando olhamos para as diferentes culturas. Um indiano tem valores totalmente diferentes de um europeu, que por sua vez nada tem a ver com a cultura oriental. Crenças, Interações sociais, uniões matrimoniais e direitos civis são estabelecidos através da cultura, e ela é coletiva e não individual. Um casamento arranjado para um indiano é o cumprimento da expectativa de vida, enquanto para nós ocidentais é um absurdo. Valores são coletivos e a cultura também é a soma de muitos, a expressão de consciências traduzida em regras sociais e idealização de mundo.
“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”
Por isso podemos ter certeza absoluta que ninguém é autossuficiente. O pensamento vem do passado, e a cultura também, assim como a possibilidade de viver em sociedade também extrapola os limites das nossas capacidades individuais. Sem o outro, não podemos existir.
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Sem o outro, não podemos existir
Por fim, a afirmação de que somos a soma de muitos nos traz para a ideia de que toda a vida está conectada de alguma forma. O que acontece ao outro acontece também comigo, fazendo da empatia um exercício fundamental para o despertar espiritual. Infelizmente ainda vivemos o “cada um por si”, buscando desesperadamente fazer a nossa vida e ignorando o que acontece em volta.
Se eu tenho comida, se minha família não passa fome, somos abençoados. E quem não é, é porque não teve merecimento para tal. Somos extremamente individualistas até mesmo quando rezamos e buscamos uma conexão maior com o mundo espiritual. Rezamos quase sempre para nós, para que a nossa vida ande de acordo com o esperado, para obter a cura para alguma doença e há quem tenha o descaramento de rezar para que um inimigo seja destruído. Nas casas espiritualistas, quase todos que buscam ajuda estão lá por si mesmos. Poucas são as pessoas que vão oferecer algo ao invés de pedir, ou estão ali para ajudar uma outra pessoa.
Esse comportamento é o que orienta a vida em sociedade e ele também está refletido na política. Primeiro eu, antes a minha família e depois o resto do mundo. Tantos desvios de dinheiro, privilégios obscenos e vantagens para familiares é o que de mais básico vemos na política mundial, especialmente na brasileira.
Nós ainda não entendemos que é o todo que importa, que é o conjunto o nosso horizonte de atuação e não o nosso umbigo. Que de nada adianta estar em uma bela casa, servido por diversos empregados e com uma mesa farta, se na porta da sua casa existe uma pessoa faminta morando na rua. Costumamos pensar, de acordo com a nossa mesquinhez, que o outro não é nossa responsabilidade. Mas é. É de grão em grão que a galinha enche o papo, assim como é através da soma de pequenas ações individuais que se faz uma sociedade melhor para todos, não só melhor para mim. Fora da caridade não há salvação. Ajudar o outro desperta a sua consciência.
“Nós somos feitos de poeira de estrelas”
Nossa mente é o espelho da vida em toda parte. Tudo o que pensamentos e sentimos está refletido em nossa existência em todos os contextos, e somos igualmente afetados pelas consequências daquilo que projetamos. Por exemplo, quando assumimos uma postura política mais dura, menos humana, que considera os grandes mas destrói os pequenos, estamos fomentando a desigualdade. E existe uma relação direta entre a desigualdade e a violência urbana: quanto maior da desigualdade, mais vai crescer a violência urbana. Logo, um grande empresário que odeia qualquer tipo de assistencialismo e pensa somente em si mesmo, acaba virando prisioneiro de seu egoísmo quando se vê refém da violência ou quando sua própria família é vítima da brutalidade dos esquecidos.
Coexistimos com a natureza, com uma incontável diversidade de vida. Nossa ligação não é só com outros humanos, mas com todas as formas de vida do planeta. Todos estão aqui em uma jornada, e o caminho é único, dividido por todos. Mais uma vez, vemos que somos a soma de muitos, pois todos somos um reflexo de uma consciência universal e suprema. Somos todos feitos do mesmo material – leia esse artigo: “Somos todos poeira de estrelas” – vindos da mesma origem e não há conexão mais forte do que essa e nem motivo maior para uma tomada de consciência que nos torne seres mais empáticos e preocupados em construir um mundo melhor para todos.
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