O que é um rito coletivo?
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
Olá!
Um dos temas recorrentes dentro do que podemos chamar de “mundo mágicko”, entre as pessoas que estão circundando esse “miolo” dos magistas reais e tudo o mais, há a oferta dos chamados “ritos coletivos”. Como meu trabalho está focado em desmistificar esse mundo e trazer a vocês, pessoas que estão se interessando por isso, que querem aprender ou só compreender o que é a Magia e o que ela pode fazer por você, resolvi escrever um textinho para que vocês possam não se perder nessa peregrinação. Então, a primeira coisa que precisamos fazer é desambiguar esse termo, pois um Rito Coletivo pode ter duas interpretações, dependendo de onde está esse coletivo. Olhe só:
O que é um rito coletivo?
O rito pode ser coletivo quando um grupo de Magos, geralmente liderado por um “Mago Mestre”, se unem a fim de realizar um determinado intento. Esse intento é o “desejo” por trás do ato Mágicko e pode ser um intento compartilhado por todos os membros do rito, pode ser um intento focado em algum cliente ou alguém externo ao grupo de Magos ou pode ser um intento de um grupo de pessoas. A Umbanda (como uma escola menor de Magia), realiza ritos coletivos: os médiuns se unem por conta de um líder, o dirigente, para ajudar ou realizar o intento de várias pessoas.
A outra forma é quando um Mago solitário realiza um rito para diversas pessoas ao mesmo tempo, então o “coletivo” aqui, diz respeito ao número de solicitantes. No primeiro caso, o “coletivo” diz respeito ao número de Magistas. Então agora que ficou claro sobre o que estamos falando, fica a pergunta: isso é funcional?
Na verdade, a resposta para isso é bem complicada de se dar, porque a Magia não depende da forma… mas sim do conteúdo, só que parece que todo mundo está só focado na forma e tá deixando o conteúdo de lado, então eu não sei bem como abordar o tema… Bom, vou fazer meu melhor e esperar que você me compreenda:
Magia é conhecimento e depende do conhecimento para funcionar
Quando falo de “conhecimento”, não estou falando sobre (novamente) a forma das coisas… estou falando de seu conteúdo: não adianta você soprar canela no primeiro dia do mês se você não souber o motivo pelo qual isso traria a você algum tipo de prosperidade. Não estou falando, ainda, de um conhecimento, sei lá, fantástico, no sentido de dizer que a canela “por ser uma árvore cuja casca é extremamente aromática tem o poder místico de atrair riquezas”; estou falando no sentido de se perguntar por que diabos isso funcionaria e, se funciona, por que não funciona com todos. Afinal, nem todos os que sopram canela são prósperos, financeiramente falando.
Segundo nos vai dizer Stuart Vyse no livro ‘Believing in Magic: The Psychology of Superstition’ (Acreditando em Mágica: A Psicologia da superstição, em tradução livre), superstições e simpatias surgem a partir da necessidade de controle que os seres humanos têm. As práticas fazem com que esses indivíduos sintam conforto sobre a ideia de não terem poder sobre aquilo que se deseja, o que quer dizer, basicamente, que o real poder da canela soprada não é atrair prosperidade… é te dar a impressão de que você pode controlar isso, fazendo com que você se sinta mais confortável com a situação em que você se encontra no momento. Esse conforto pode ser o combustível que algumas pessoas precisam para andar para frente e, com isso, para essas pessoas, a canela acaba funcionando. Entende?
Como funciona um Rito Coletivo?
Agora com isso em mente, o que podemos falar sobre o funcionamento de um Rito Coletivo? A eficácia do rito, na verdade, não tem a ver com o rito em si. Tem a ver com a perspicácia do Mago que vai fazer a coisa toda acontecer. Não importa seu paradigma, se o Mago não tiver uma boa perícia, não vai rolar. E essa perícia está muito antes do rito em si e não tem nada a ver com velas, pantáculos, demônios, anjos, divindades ou canela. Tem a ver com o que está antes disso.
Então é assim: se o Mago for bom, o rito será ótimo pra você e, certamente, você chegará aonde quer chegar. Se o Mago não for bom… aí você vai contar mais com a sorte mesmo.
Imagino que agora a pergunta de um milhão de dólares na sua cabeça é: e como eu sei que um Mago é bom? A resposta pra isso é a mesma que eu teria que dar para a pergunta “como eu sei que uma pessoa é uma boa pessoa?” Ela poderia preencher um livro inteiro. Não há formas de você saber, com certeza, sem sombra de dúvidas, se um Mago é bom ou não, mas eu posso tentar te dar algumas dicas para você não entrar tão perdido no assunto. E a primeira delas é, com certeza: dê uma “zapeada” nas redes sociais do amigo.
Veja como ele se porta e eu não vou falar aqui que ele deve se portar assim ou assado para ser um bom Mago. O que eu vou dizer é: como você se sentiria sendo inimigo dessa pessoa? É, pois é… imaginar-se amigo de alguém com algum tipo de poder é fácil: meio que todo mundo gostaria disso e você possivelmente não prestaria atenção às coisas que o caráter da pessoa mostra em postagens, interações e tudo o mais. Agora… você se vê como inimigo da pessoa… isso mostra muito mais sobre ela.
Então olhe, procure, busque. Veja se essa pessoa ficasse contra você, como você se sentirá? Ficaria com medo? Ficaria inseguro? Teria vergonha? Essa é uma boa forma.
Resumindo então: Ritos coletivos são funcionais dependendo da competência do Mago que fará o rito. O rito coletivo não funciona melhor porque é um rito de goétia, com Maria Padilha ou o Arcanjo Metraton. O que faz o rito funcionar é a perspicácia do Mago. Essa perspicácia está diretamente ligada ao acúmulo de conhecimento do Mago e esse conhecimento nada tem a ver com saber a cor da vela a usar, qual o alimento correto do Exu ou como montar uma mesa maravilhosa, mas está em descobrir o porquê dessas coisas existirem ali e esse porquê nada tem ver com quesitos metafísicos ou extrassensoriais: é somente o bom e velho controle narrativo.
Se você quiser saber mais, pode participar presencialmente dos ritos coletivos que fazemos no Nosso Templo: é aberto ao público e, além de você fazer uso do rito para si, também pode aprender como o fazemos para os outros.
Espero que você tenha uma ótima vida, seja alguém melhor do que foi até agora. Tchau.
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