O mal está vencendo? Qual a sua sensação quando olha para o mundo?
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
As opiniões sobre a natureza do mundo são muito distintas e não poderia ser diferente. Apesar de vivermos em comunidade, são as experiências pessoais que determinam a construção de visão de mundo de cada um. Para alguns, a vida é linda e o mundo é inteiro pintado de rosa. Já outros enxergam mais aquilo que é negativo e julgam o mundo como absolutamente terrível. E basta assistir a um noticiário para concordar com esse segundo grupo.
“Do bem e do mal, todos tem seu encanto: os santos e os corruptos. Não há coisa na vida inteiramente má. Tu dizes que a verdade produz frutos… Já viste as flores que a mentira dá?”
Olhando para os acontecimentos recentes e também para a história humana, será que podemos de fato dizer que caminhamos para uma evolução moral? Ou será que o mal está vencendo?
A diferença entre a experiência humana e o mundo
Para começar, é importante fazermos uma distinção entre a experiência de vida humana e o mundo em si. Vamos começar analisando o mundo, que basicamente se resume na natureza. Tudo é perfeito, integrado e de uma exuberância que nos conecta com o divino. Um simples pôr-do-sol já é suficiente para admirarmos as belezas que emanam de Deus, nas marcas da perfeição divina na criação. Mesmo em tempos de guerra, o Sol vai nascer. Os rios vão continuar correndo para o mar e os pássaros vão continuar cantando.
É impossível dizer que o mundo é mau. Não há como concluir que a oportunidade de existirmos em um planeta tão maravilhoso não seja uma dádiva divina, um presente do qual devemos cuidar com todas as nossas forças. Estar vivo, respirar e existir são milagres. No entanto, a experiência humana nesse paraíso não tem sido das melhores, e esse fato também é inquestionável. A história humana, é, desde os tempos mais remotos, banhada em sangue, opressão e poder. Com deus, sem deus, em nome de deus ou contra deus nós nos matamos. Nós torturamos, condenamos, subjugamos e conquistamos. Inimigos devem ser eliminados e há sempre uma visão de mundo política ou religiosa sendo imposta. Há interesses que levam a destruição de países inteiros, extermínio de povos e manutenção da miséria. Até mesmo as relações familiares e sociais demonstram que possuímos um nível de egoísmo tremendo e quase sempre agimos pensando em nós. O trânsito é um exemplo perfeito da imaturidade que possuímos em relação à interação social, nessa enorme comunidade que chamamos de mundo. Uma reunião de condomínio também reflete o que há de pior nos seres humanos.
Ter essa consciência é essencial para conseguirmos pensar sobre a natureza da existência humana. Uma coisa é a beleza da vida e toda sua dinâmica, tendo como pano de fundo uma natureza que nos tira o fôlego. Outra coisa são as ações humanas e o que a nossa consciência proporciona em termos de experiência. E ela realmente não é das melhores…
Existe um universo além do seu umbigo
Também é importante pensarmos sobre o quanto tomamos como “todo” as nossas experiências, e o quanto de ódio e intolerância essa atitude projeta na sociedade. Quem tudo tem, apesar dos problemas comuns da vida, enxerga o mundo cor-de-rosa. Quem nunca passou fome, não consegue perceber que quase metade da população mundial vive abaixo da linha da pobreza. São pessoas que costumam valorizar mais a economia (obviamente importante) do que a vida humana.
Um exemplo disso é o que alguns pensam sobre o racismo. Há negros que se opõem a constatação de que o racismo existe, dizendo “sou negro e nunca sofri racismo”, como se todas as outras pessoas que relatam essa discriminação só estivessem se vitimizando. Na política, temos no Brasil um exemplo semelhante, onde muitas pessoas negam a violência do período ditatorial que vivemos, alegando que nunca foram torturadas. Ora, se algo não aconteceu comigo, então não é verdade. É triste essa falta de consciência e essa tendência em julgar o todo através de vivências pessoais, pois essa postura mostra claramente que essas consciências ignoram completamente o outro e o que acontece o ao outro. Somente quando algo as desagrada é que elas se posicionam.
Também podemos identificar o mesmo padrão quando observamos os movimentos em que existe uma militância envolvida em defesa de uma bandeira ou ideologia. Esses movimentos são muito importantes e parte do nosso progresso enquanto sociedade, mas, repare, cada um tende a defender “o seu”. Como podemos formar uma visão de mundo, se mal conseguimos olhar para fora de nós? Talvez o primeiro movimento que devemos fazer é justamente o exercício de buscar compreender a realidade com mais empatia e menos ego. É difícil? Sem dúvida. Mas o primeiro estágio do despertar esbarra nessa questão. Não podemos fugir.
Evolução tecnológica versus evolução moral
Quando olhamos fora do nosso ego, quando realmente nos abrimos para a compreensão da história humana, veremos que houve pouco progresso em termos morais. Tanto é que, em pleno 2019, ainda existe uma legião de espíritos encarnados que possuem um pensamento medieval, violento e atrasado. Alguns em função da cultura e da religião, outros devido a uma ignorância tão típica da mente humana.
“Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância”
Costumamos confundir a civilidade que a tecnologia trouxe para a sociedade como evolução moral. Terrível engano… Ainda somos muito violentos. Matamos a namorada, o inimigo político, o negro. Homossexuais ainda apanham na rua e em muitos países são punidos e pagam com a vida. Uma discussão no trânsito pode acabar em morte e esse privilégio não é só do Brasil. O que fazemos com os animais então… A tecnologia só nos ajudou a tortura-los ainda mais ao invés de aliviar sua dor.
Não se engane: tecnologia e modernidade não têm uma relação direta com a ética e com a evolução moral. Também é importante fazer essa ressalva, para desconstruir alguns enganos que internalizamos desde que nascemos.
Afinal, como enxergar o mundo?
Tendo em vista o que já foi colocado sobre a matéria, agora devemos entrar na seara espiritual. O que é a vida? Por que o mundo é como é? As respostas para essas perguntas residem no pensamento espiritual. E também a nossa paz, pois, uma vez que nos damos conta de que as nossas bênçãos podem não representar a experiência do outro, quando abrimos os olhos para a crueldade da vida na matéria, podemos sentir uma certa revolta e uma sensação de abandono, como se não houvesse uma ordem e um propósito nesse caos. Mas claro, essas sensações são somente impressões.
“Compreendemos mal o mundo e depois dizemos que ele nos decepciona”
A vida na Terra é sim uma benção. Tudo o que conhecemos como trevas, como mal, na verdade só expressa a ausência da luz, o que nos dá a ideia clara de processo. Se a escuridão de tantas consciências é a ausência da luz, isso significa que cedo ou tarde a luz vai atingir essas sombras. A vida aqui não nos foi dada para sermos felizes, embora a felicidade seja parte integrante do processo. Nós a buscamos desde o nascimento, porém, nos perdemos em meio às imposições sociais e a indicação que elas dão de que a felicidade tem a ver com consumo, acúmulo de bens e uma carreira bem sucedida.
Aliás, essa enxurrada de cursos e workshops que prometem cura e prosperidade, principalmente através da física quântica, mostram como o poder espiritual que todos temos está completamente deturpado. Usar a física quântica para ter e não para ser, faz parte das sombras. Jogar um desejo para o Universo que deve atender a esses pedidos funciona quase como um papai noel dos adultos. Tudo isso atrapalha não só o crescimento pessoal, como também a compreensão do que é a felicidade e como ela pode ser alcançada durante uma encarnação na matéria.
Estamos aqui para evoluir.
A Terra é um planeta de expiação, que ainda transita para a essência de regeneração. Isso significa que, até o momento, as consciências que aqui encarnam estão e busca de evolução e precisam vivenciar a dureza da matéria para expandir suas potências. Isso nos dá uma ideia do nível evolutivo de quem vive aqui e porque a nossa história é tão sangrenta. O segredo está em perceber isso, entender que a vida material em um planeta escola, de expiação, é dureza mesmo. Todos estão no mesmo barco, todos possuem conflitos, desejos, feridas. A raiva, o ódio, a vingança e outras emoções ainda dominam a trajetória humana e é assim que tudo foi desenhado. Estamos aqui para aprender e quase sempre o aprendizado se dá através da experiência de certo sofrimento.
“Ostra feliz não produz pérola!”
A encarnação sempre vai te apertar. Os caminhos sempre vão ter percalços e é a maneira como lidamos com a dificuldade que promove o nosso crescimento. Vivermos no umbral e esse fato diz muito sobre a história humana. Não há mal, há crescimento. Não há eternidade, mas sim constante transformação. Por mais terrível que algo seja, acredite, é para o bem. O mundo é o que é.
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Então o mal está vencendo?
Em um momento de transição como o que estamos vivendo, podemos pensar que sim. Mas nunca houve uma guerra entre o bem e o mal, para que possamos dizer que um está vencendo o outro. Essa ideia é um dogma religioso, que justifica as mazelas do mundo através de uma entidade maléfica que resolveu se opor a Deus. Mas não existem lados, existe o todo. Nem o mal está perdendo, tampouco o bem está vencendo. O que está havendo é o processo evolutivo natural, orientado por leis divinas como, por exemplo, a Lei do Retorno.
“Não penses mal dos que procedem mal; pensa somente que estão equivocados”
Vamos pegar o Brasil como exemplo. Muitos olham para o atual governo como uma resposta divina a todo mal causado, tendo na figura do presidente um salvador. Outros, veem essa mesma figura como a encarnação do mal, quase um castigo para o país. Seja qual for a sua visão, a verdade é que esse governo, seja ele uma benção ou um castigo, é na verdade a medida exata do que precisamos para seguir. Se ele é um salvador, com ele vamos aprender. Se é um algoz e traz as trevas no coração, também iremos aprender com essa parte da história desse lindo país chamado Brasil. Não existem vencedores nem perdedores, o que existe é uma projeção das necessidades de um grupo-carma de consciências que, juntas, estão trilhando suas jornadas individuais. Sem a guerra, não existe a paz.
Todo o mal que já causamos é parte do nosso aprendizado e ele emana de nós mesmos. Não há uma entidade demoníaca que controla as trevas e também não existem salvadores. Poucas são as mentes verdadeiramente evoluídas que por aqui andaram, e a principal delas foi crucificada por nós, preterido entre bandidos e humilhado até a morte. Não estamos em guerra e nada está vencendo. Estamos evoluindo, tecendo uma teia de eventos através da projeção das nossas consciências na matéria e nada é totalmente bom ou ruim. A Terra é perfeita e somos nós que a tornamos um inferno. Tudo está certo e por trás de tudo que acontece sempre existe um propósito.
O mal está vencendo? Não. Nós é que estamos vivendo a nossa jornada neste planeta lindo e azul!
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