As dores do carma familiar são as mais agudas. Você sabe por quê?
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
As dores do carma familiar são as mais agudas porque a família é o nosso bem mais precioso, nosso pilar na vida, a referência que temos no mundo. Os primeiros rostos que vemos ao nascer são da nossa família, e também são eles que nos fazem sentir pela primeira vez o que é o amor. Tudo o que somos devemos a eles.
Mas, quando observamos com mais atenção, vemos que as relações familiares são muito conturbadas na maior parte das vezes, com muitos conflitos e traumas que são carregados por toda a vida. Problemas com a mãe, um pai ausente, muito autoritário ou uma competição entre irmãos são alguns exemplos da dinâmica emocional que envolve as famílias.
Nem todos que possuem famílias disfuncionais se tornam violentos ou criminosos, mas todos os criminosos têm um histórico de abuso infantil ou abandono. E por quê? A família é onde deveria estar o amor mais puro e sincero entre os seres humanos, mas não é assim que acontece.
Por isso, as dores do carma familiar são as mais agudas e é para ser assim. Faz parte do plano da encarnação. Quer saber por quê? É só ler o artigo!
A família e as dores do carma familiar
Para entendermos melhor as dores do carma familiar, vamos usar como base a obra de Allan Kardec. Ali, encontramos explicações que nos permitem compreender porque para alguns a família é berço de alegrias incontáveis e porto seguro em relação às dificuldades da vida, enquanto para outros ela é uma provação, fonte de muita angústia, traumas e privações.
A primeira coisa que é preciso compreender é que encarnamos aqui com um propósito, e a família na qual nascemos faz parte dessa programação. Somos homens sociais, o que significa que o convívio em sociedade é uma lei natural, uma mecanismo que permite nosso progresso moral e intelectual. E a organização em núcleos familiares faz parte dessa lei e é através especialmente da família que temos a possibilidade de nos aprimorar.
Dessa forma, podemos dizer que a experiência familiar pode ser expiatória, pois através dos laços de sangue as diferenças construídas em outras vidas podem ser exterminadas através do amor. Por intermédio da justiça divina, o inimigo de outrora pode se tornar um irmão, um filho, um pai ou uma mãe na vida atual e os laços que antes eram estabelecidos por sentimentos densos, possam se tornar laços de amor. Mas a família também pode ser construída por espíritos próximos, que reencarnam juntos pois têm uma ligação espiritual e um propósito que não envolve o resgate. São espíritos que vieram buscar um aprimoramento que não se dá através dos conflitos familiares. É o caso dos núcleos onde a harmonia e o amor são os combustíveis que alimentam essa relação.
A cura através dos conflitos
Como o planeta Terra é um planeta de expiação, ou seja, um local onde os espíritos vêm para aprender, isso significa que o nível evolutivo dos espíritos que aqui se encontram não é dos mais elevados. Logo, é muito mais comum encontrarmos núcleos familiares conflituosos do que aqueles em que só existe amor, compreensão e a apoio. É justamente por isso que as dores geradas na família são as mais agudas e difíceis de lidar. No entanto, o que nos parece à primeira vista um problema, injustiça ou castigo, é na verdade a nossa cura. É no seio familiar que devemos buscar o primeiro movimento rumo a reforma íntima!
“A cura entra pelas portas da maternidade”
Pense. Primeiro temos a questão cármica, onde o conflito vivenciado nessa vida tem origem em uma vida passada. Nada é mais poderoso do que o amor para aproximar inimigos do passado! Aquele bebê tão desejado e aguardado é quase sempre recebido com muita alegria. A parentalidade, especialmente a maternidade constrói naturalmente uma ligação muito forte, a mais profunda que um ser humano consegue estabelecer na vida material. E o esquecimento é a chance que as leis divinas nos dão para recomeçarmos. Infelizmente, o perdão ainda é uma virtude fraca nos seres humanos. Observe como a maior parte das pessoas mal conseguem perdoar coisas bobas como uma traição ou uma dívida, por exemplo. Imagine perdoar uma morte ou coisas tão graves quanto. Só mesmo uma nova chance e uma união familiar é que podem proporcionar uma aproximação e uma possibilidade de ligação espiritual que não seja através do ódio.
Aí então temos a cura e a possibilidade de aprender a amar, se sermos fraternos inclusive com aqueles que consideramos inimigos e que tenham nos feito sofrer em outra vida. Depois, temos também as nossas fraquezas como razões para o encarne em uma família difícil. Imagine que um espírito necessite desenvolver o amor-próprio e a autoestima, pois apresenta um padrão emocional destrutivo. Será que através de uma encarnação em uma família acolhedora proporciona essa evolução?
Nada é conquistado através do externo, nós não conquistamos algo quando ele nos é dado. Toda a conquista espiritual acontece de dentro para forma, através de movimentos internos. Logo, faz todo sentido que alguém com uma autoestima destrutiva encarne em uma família que humilha e destrói ainda mais a autoimagem. Parece loucura, mas, se pensarmos bem, não é. Através das humilhações, chega um ponto em que o espírito não aguenta mais sofrer e chega ao limite onde se esconde a transformação. Não há outra saída para esse espírito, caso ele deseje a liberdade e a paz, senão fortalecer sozinho sua autoestima e aprender a não valorizar tanto a opinião dos outros. Novamente, encontramos a cura através dos conflitos.
Outro exemplo simples que nos ajuda a entender melhor essa ideia é o ciúme. Imagine um espírito que possui uma sensação de posse nas relações afetivas e precisa trabalhar essa fraqueza. Certamente essa consciência vai atrair para si relacionamentos que instiguem ainda mais o ciúme, pois, se assim não fosse, essa característica não seria trabalhada. Ser ciumento em uma relação em que o outro dá 100% de segurança não vai fazer com que esse espírito enfrente suas sombras e consiga fazer o movimento interno que extermine essa sensação de posse e o ciúme doentio. Enquanto esse espírito escolher esse padrão denso para permear suas relações, essa dinâmica vai acontecer vezes seguidas até que ele mesmo se liberte desse sofrimento e aprenda que é na liberdade que se constroem os laços duradouros. Tudo que se repete e nos incomoda, é uma oportunidade de cura.
O amor também cura
Há casos em que é o amor que vai curar as dores do carma familiar. Por isso, os problemas familiares são muito importantes na nossa evolução. É no núcleo familiar que encontramos pela convenção das tradições o esforço maior em nos entendermos melhor, pois faz parte da ideia da família conseguir estabelecer um bom convívio diário. Por isso, certas famílias recebem um espírito revoltado ou menos evoluído, para que no seio equilibrado e de amor dessa família ele possa entender melhor o que é o amor e expandir esse sentimento para o mundo.
“Não importa o que a vida fez de você. Importa o que você faz com o que a vida fez de você”
Seja através do amor ou pela dor, as relações familiares nos machucam demais e podem causar feridas e traumas que vamos carregar durante toda a nossa vida. Porém, compreender que justamente essa dinâmica é exatamente aquilo que precisamos para encontrarmos a nossa própria paz faz parte da nossa evolução espiritual. E basicamente tudo o que precisamos fazer é amar, mesmo quando nossa alma sangra. Quanto mais compreensão e amor tivermos, mais rápido as nossas feridas vão cicatrizar e mais rápido vamos caminhar pela jornada da nossa evolução. Não importa o que sua mãe, seu pai, seus avós ou seus irmãos tenham feito. O carma de serem algozes será inteiramente dele. Mas quem sofre abusos, por exemplo, pode escolher encerrar ali o carma e usar essa experiência para sua própria evolução, se libertando das amarras que o sofrimento familiar nos impõem.
Quando perdoamos, o bem maior que fazemos é a nós mesmos, não ao outro. E veja, de fato não é fácil conseguir enxergar com amor quem parece nos desprezar. Por isso, é preciso dizer que o perdão é uma escolha e não uma obrigação, como alguns profissionais da psicologia positiva e do coaching gostam de impor. Mas sim, há grande verdade em dizer que, quando perdoamos, o maior beneficiado somos nós mesmos.
“O perdão é um catalisador que cria a ambiência necessária para uma nova partida, para um reinício”
É na adversidade que mais nos fortalecemos, mesmo quando essas experiências geram uma dor imensa. E, quem consegue superar as amarguras familiares, não é mais atingido por nada! Cria-se uma força de vida inabalável que nos faz seguir em frente da melhor maneira possível. E esse perdão não significa ir lá, abraçar quem te faz sofrer e dizer “te perdoo”, até porque muitas vezes essas pessoas não têm a menor consciência dos erros que cometem. É um perdão interno, uma compreensão espiritual de que aquele espírito é perturbado e que também deve ter sofrido.
O perdão nesses casos está relacionado com superação, com cicatrização de feridas, com fortalecimento da alma. Por isso, quando perdoamos, estamos libertando nós mesmos das prisões que a dor cria para nós. E quem faz isso, certamente conseguiu cumprir sua missão e usou a encarnação para se curar e evoluir. Não há outro caminho senão o do amor, e é impressionante como ele pode nascer do lodo, da dor. Por isso a família pode nos machucar tanto! E cabe a nós transformar essa dor em amor. Nós temos esse poder, por mais difícil que possa parecer.
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