Mistérios da Terra: Jurema, a encantaria e o vinho sagrado
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“Jurema é um pau encantado, é um pau de ciência que todos querem saber.” O que se pode esperar do encontro da arte da cura com a ciência sagrada das encantarias? Com o balanço das maracas e a fumaça dos cachimbos, a Jurema – religião afro-indígena oriunda do nordeste – surge do encontro dos indígenas com os povos escravizados e foi batizada com o mesmo nome da árvore, que por seus adeptos é considerada sacra. Teve sua popularização através da diáspora nordestina relacionando-se com as macumbas cariocas, Candomblés e, mais a frente, com as Umbandas, deixando um pouquinho de si e fazendo o seu nome por onde passa.
Vinho sagrado da Jurema
Durante o SOFIA – Simpósio de Ocultismo e Filosofias Arcanas – que aconteceu em São Paulo, a mestra Juremeira, Deia Filha D’Água, compartilhou um pouco de suas experiências com a encantaria e o vinho sagrado da Jurema – uma bebida que tem propósito ritualístico e sacramental guiando os praticantes para a cura do espírito, oferecendo um verdadeiro encontro com respostas e conexão com mestres e ancestrais.
Conexão com os ancestrais
Apesar de ter muitas semelhanças com outras religiões afro-indígenas, a Jurema (ou Catimbó) apresenta suas particularidades não apenas nos ritos, cantos e orações, mas também em suas manifestações através do transe – os quais que, além de se conectar com os ancestrais, guias e orixás, nos apresenta também espíritos encantados, sejam eles das matas, das águas, mestres que podem se apresentar como animais ou espíritos que já foram juremeiros, mas que ao fazerem a passagem para o outro plano, se encantaram e a agora voltam trazendo seus conhecimentos e ciências. Alguns dos mestres mais conhecidos, são Malunguinho e Zé Pelintra, que também é comumente visto em terreiros de Umbanda e Candomblé, mas que possuem seu culto de origem, o Catimbó.
Ciência e ensinamentos dos mestres
Jurema é essa arte sagrada do entrecruzamento das encantarias e dos ancestrais que nos envolve através de sua simplicidade, mas com grandeza e riqueza de ensinamentos. Com o canto dos tambores e das maracas, o cheiro do tabaco e das ervas no cachimbo, as palavras de sabedoria e amor dos mestres, o assobio dos caboclos, o gosto doce do vinho, os pés descalços na terra, os segredos que são transmitidos oralmente de juremeiro a juremeiro – onde cada um agrega a ciência e ensinamentos de seus mestres, com características e particularidades, o catimbó nos apresenta um encontro com aqueles que já foram, mas que de alguma maneira ainda se fazem presentes, nos mostrando um caminho diferente para seguir, uma direção de conscientização e união com a natureza e os que lá habitam nesse plano ou em outro. Mas, sobretudo, as pazes com aqueles que ainda estão aqui e os que estão por vir.
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