O machismo invisível: como identificá-lo
Com tantos debates sobre questões de gênero e feminismo, o machismo descarado tem sido cada vez mais condenado. Isso não quer dizer que ele está desaparecendo, mas sim que está encontrando novas maneiras de se manifestar, que pode passar despercebido pelas pessoas, mas que no fundo visa manter a mesma estrutura de opressão das mulheres e privilégio masculino e patriarcal. Saiba mais sobre o Machismo Invisível!
O machismo é algo estrutural, arraigado em inúmeras gerações e passado de uma para outra, sendo algo muito profundo e difícil de desconstruir. Por isso é necessário estarmos atentas e refletirmos sobre maneiras de lutar contra esse problema tão ancião.
Então como identificar esse machismo invisível? Você já notou que algumas frases que as pessoas falam e algumas situações que te colocam, por mais que não pareçam claramente mal intencionadas, causam aquele desconforto que você não consegue bem explicar? O machismo se esconde em muitas delas. Leia abaixo.
Onde esconde o Machismo Invisível?
“O feminismo é o machismo reverso”
A maneira mais simples de invalidar um movimento, é transformando-o no vilão. Que fique claro que o feminismo não é a versão feminina do machismo. O feminismo não visa a opressão dos homens e sim a equidade de direitos e oportunidades.
“Ela não se cuida, não faz nem as unhas, assim ela nunca vai conseguir alguém”
A obrigação de cuidar da beleza física para os homens é uma das maneiras cruéis de manutenção do machismo. Colocar a mulher em um papel exclusivo de sedução, onde ela só será aceita socialmente se estiver de acordo com os padrões estéticos ditados pelos homens, para os agradar, é uma das formas de machismo mais comuns e reafirma a ideia patriarcal de que a função da mulher é dar prazer ao homem.
“Não sou nem feminista nem machista, acredito na igualdade”
Essa frase tem se tornado um clichê do machismo invisível e serve para sutilmente invalidar o feminismo e a sua luta por equidade. O feminismo é exatamente a luta pela igualdade, por isso se a pessoa é feminista, ela acredita na igualdade, o oposto do machismo.
“Que exagerada, não foi assédio, foi um elogio”
Transformar o ato do opressor em algo positivo é uma técnica conhecida para invalidar a denúncia da vítima. Isso mantém o poder na mão do assediador e intimida ainda mais a vítima do assédio, que se sente mal e culpada.
“Não fique triste, você vai arrumar um namorado”
Associar a felicidade da mulher ao fato de ela ter um namorado é uma forma de machismo. Mulheres sem companheiros homens são consideradas mal-amadas. Esse pensamento é extremamente cruel e tenta estabelecer que a mulher só é completa se tiver um homem ao seu lado.
“Se dê mais o valor, não seja fácil”
A mensagem é clara: seja bonita para os homens, mas não deixe claro o seu desejo, deixe que ele te conquiste. Isso só reforça a objetificação da mulher, que acaba se tornando um prêmio para o homem que a conquistar. Ao mesmo tempo, a mulher muito puritana também é criticada. Ela deve ser sedutora mas nem tanto, recatada mas nem tanto. Quanto mais difícil entrar na forma ideal para o machismo, mais fácil de serem controladas e de procurarem sempre a aceitação, certo?
“Homens são assim mesmo”
Justificar atitudes condenáveis masculinas dizendo que “ah, mas isso é coisa de homem mesmo” é uma maneira de passar panos quentes e fazer com que as mulheres aceitem atitudes que as machucam e desvalorizam. Traição, desleixo e falta de cuidado com o lar, com os filhos, sobrecarga nas mulheres, grosserias, a lista é imensa. Não, não é coisa de homem, é coisa do machismo.
Insultos disfarçados de piadas
Outra maneira de invalidar uma agressão é tentar transformá-la em uma piada: “Vai visitar o cliente? Coloque uma saia curta, porque só assim você vai conquistar ele, hahaha!”. Ou ainda “Você não vai conseguir usar aquela máquina, você vai acabar quebrando uma unha”. Ou um amigo do seu companheiro fazendo piada “Olha, dá pra ver quem usa as calças nessa casa, hein”. O “mas é só uma brincadeira” é uma das maneiras mais comuns de manter o machismo.
“Isso é coisa de mulher” ou “Isso é trabalho para um homem”
Estereótipos em funções é uma maneira de manter o machismo. E muitas vezes eles também vêm disfarçados de brincadeiras ou comentários tidos como ingênuos. “Que bom que você chegou, estávamos esperando uma mulher para organizar essa bagunça!” ou “Melhor você não participar desse projeto, ele é muito complexo, com muitos cálculos, isso é mais coisa de homem”.
“Engravidar vai ser o fim da sua carreira”
Essas suposições afetam tanto mulheres quanto homens quando se trata da parentalidade. As mulheres podem estar sujeitas a comentários que as condenam de não serem boas mães se quiserem dar prioridade ao trabalho. No lado oposto, se quiserem se dedicar igualmente à família, podem ter seu compromisso com o trabalho questionado. As mulheres também podem achar que elas devem explicar por que não têm filhos. Enquanto isso, os homens podem se sentir desencorajados (ou mesmo negados) de ter acesso ao trabalho flexível devido a suposições de que o cuidado é um “papel da mulher”.
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