Mulher Maravilha ou mulher inteira? A jornada sistêmica da mulher na carreira. Entrevista com Marie Suzuki

Ser bem-sucedida no trabalho, esposa exemplar, mãe zelosa e incrível! De que maneira essa pressão por ser uma “mulher-maravilha” se conecta a padrões antigos e às nossas relações mais íntimas? Para refletir sobre esse tema ainda tão atual, Marie Suzuki, doutora em Psicologia do Trabalho e convidada especial do podcast Meu Momento Místico, explica como as relações sistêmicas influenciam nossos caminhos e escolhas na vida profissional e pessoal.
Culpa, pressão e a busca por ser perfeita em tudo
“Das Amélias às Mulheres Multifuncionais”. Com um título que se conecta perfeitamente aos dias de hoje, este livro da nossa entrevistada, escrito há mais de 20 anos, resume bem a vida da própria autora. Escritora, professora universitária, palestrante e mãe, Marie Suzuki também enfrentou o dilema de conciliar tantos papéis. A superação veio quando compreendeu que amar o próprio trabalho não a tornava menos mãe, e sim uma mulher inteira.
“Filho, eu amo você, mas também amo o que eu faço. E torço para que você também ame o que fizer quando crescer.”
Relações sistêmicas e o sucesso profissional
E foi a culpa e a busca por aprovação constante, que Marie também observou em tantas outras mulheres, que deram origem a um conceito transformador: o das relações sistêmicas. Esse campo de estudo revela como nossas conexões familiares e padrões herdados interferem em nossas vidas. Segundo a autora, é por isso que muitas mulheres trabalham incansavelmente em busca de reconhecimento, mas sentem que o sucesso financeiro nunca chega. Algo que, muitas vezes, tem origem na relação com os pais.
“O que faz eu precisar do reconhecimento? É eu não acreditar no amor dos meus pais por mim. (…) Porque a mãe representa a profissão e o dinheiro, e o pai te traz o sucesso e o mundo. Ele te ajuda a reter esse dinheiro.”
A ferida oculta nas relações afetivas
Essa mesma dinâmica está presente na vida pessoal e afetiva também. Quando excluímos ou julgamos nosso pai, por exemplo, tendemos a atrair parceiros amorosos que reforçam essas feridas. Em alguns casos, essa exclusão vem de uma lealdade inconsciente à mãe, mas é preciso separar os papéis de filha e esposa para que tudo fique no seu devido lugar.
“(…) porque às vezes o papai traiu a mamãe, e aí eu tomo partido, eu fico do lado da mamãe. E eu não tenho a permissão da mãe de amar o meu pai. Então, a frase sistêmica é assim, olhar para o seu pai e para a sua mãe e falar: ‘pode ser que o papai não tenha sido um bom marido, mas ele pode ser um bom pai.”
Reconciliar-se com o passado para um novo futuro
Assim, o que o conceito de relações sistêmicas nos propõe é algo que psicólogos, terapeutas e espiritualistas nos vêm dizendo há um bom tempo: reconciliar-se com o passado é um ato de cura. Quando você honra tudo o que passou, deixa de repetir erros do passado e torna-se capaz de construir um futuro diferente e, claro, muito mais próspero e feliz.
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