5 falácias que se naturalizam facilmente
Uma falácia nem sempre é uma mentira ou apenas uma ideia que procura enganar alguém. Muitas das vezes a pessoa que se utiliza de alguma falácia também não sabe porque está usando ela. A falácia tem um poder condicionante tão forte que às vezes a utilizamos de maneira inconsciente.
Falácia: como ela age?
O principal mecanismo da falácia reside no seu caráter de manipuladora. A manipulação sempre está por trás de uma falácia. Mas nem sempre a pessoa que a enuncia é também a que quer manipular. Na maioria dos casos o organismo manipulador é o próprio conjunto de indivíduos ou um coletivo maior.
Por exemplo, se em um determinado grupo religioso a ideia de uma mulher ir à faculdade é estranha e anormal, muitas vezes até mesmo mulheres que pertencem a essa religião podem reproduzir esse discurso, de tão naturalizado que ele já se tornou. Podemos escutar de suas bocas algo como: “Não, mas mulher como nós não podem ir à faculdade, deixe isso com os homens!”.
Esse discurso, além de inviabilizar a própria palavra de quem o diz, propaga uma falácia impensada e genérica, auxiliando no crescimento do machismo.
Abaixo, você verá as 5 falácias que mais aparecem em textos e conversas. Elas são responsáveis, portanto, por boa parte de nossa moral e pensamentos coletivos:
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Falácia do notório inalcançável
Essa falácia acontece com dois movimentos de vai e vem. Primeiramente, há a classe popular que se achega à classe dominante e, em seguida, a dominante que retorna a palavra à classe popular. Por exemplo, um shampoo muito caro (e não necessariamente eficaz) aparece em comerciais com alguma atriz famosa.
A camada popular, que é apaixonada pela atriz começa a segui-la e a comprar o shampoo unicamente por causa da atriz. É assim que a classe popular se achega a um sonho de ser mais “perfeita”, procurando se assemelhar com os que são “perfeitos”.
Mas não são os populares que ganham com isso. É o famoso, a celebridade, que irá lucrar. É nesse momento que o dominante retorna à classe popular lucrando com esta. E, na maioria das vezes, esse personagem que é criado nunca usaria o shampoo!
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Falácia do ataque reverso
Essa falácia acontece quando ficamos sem argumentos para darmos prosseguimento a uma discussão e atacamos o outro com informações sensacionalistas ou com os erros do próximo. Em questões complicadas de nossa sociedade, isso é muito comum, sobretudo nos discursos políticos.
Podemos perceber que quando um deputado se estressa e não consegue responder, ele oportunamente se utiliza de algum “podre” de seu colega para não afundar dentro do discurso e tentar sair por cima.
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Pseudoprofundidade
Essa é uma das falácias mais comuns e nada mais é do que puro show teatral. Ela se dá quando alguém procura ludibriar o outro através de discursos que aparentam reflexivos e profundos, quando na verdade são apenas “balela” e “encheção de linguiça”.
Isso acontece muito hoje em dia, sobretudo com esses gurus da internet que aparecem em todo o momento fazendo vídeos de auto superação e para pessoas que têm baixa autoestima. Às vezes são ditas frases sem pé nem cabeça, apenas para impressionar. Podemos nos atentar pelo tom da voz, pelo número de palavras complicadas e, se prestarmos atenção, pela falta de nexo.
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A falácia do divino
Essa falácia não pressupõe que Deus ou outras divindades não existam. Nem a questão religiosa é a que colocaremos aqui. Essa falácia, no entanto, se dá quando nos utilizamos de figuras divinas para assegurar fatos ou informações completamente destoantes.
“Se isso aconteceu, foi porque Deus quis assim!”. Nem sempre. As coisas não funcionam do jeito que são apenas por causa de Deus. Essa falácia de justificar tudo por Deus pode ser perigosa. Lembrando que – por muito tempo – o próprio racismo foi justificado pela Bíblia Sagrada.
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Falácia da falsa ação-reação
E, por fim, temos as falácias da falsa ação-reação. Elas são tão comuns hoje em dia que a partir de exemplos vocês poderão até mesmo pensar em outros. Elas se dão quando queremos convencer o próximo e extrapolamos os limites, criando até mesmo inverdades par anos assegurar como pessoas confiáveis.
É nesse momento que enganamos e mentimos. Muitas vezes, inconscientemente.
Como exemplos normais desta, temos as seguintes frases: “Ah não, mas se o casamento gay for aprovado, todo mundo vai começar a virar gay!”. Esse argumento só serve para mostrar que essa pessoa é homofóbica ao ponto de comparar um casamento homoafetivo a uma doença onde as pessoas se infectam e “viram” gays.
Isso também acontece quando se fala da legalização da maconha. Sempre há quem diga: “então por que não legaliza a cocaína?”. Ou quando se fala do aborto, “nossa, então vai ter que aprovar a pena de morte!”.
Vários são os argumentos para tornar algo importante e discutível em algo banal e manchado.
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