A missão das ovelhas negras: despertar
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
Você é considerada a ovelha negra da sua família? Não fique triste.
O que antes era um termo pejorativo, usado para se referir a pessoas julgadas como “perdidas na vida”, hoje tem um significado, uma explicação bem diferente. Nos núcleos familiares, não raro se tomam como ovelhas negras justamente as pessoas que contestam, que ousam, que enfrentam o que, embora já esteja estabelecido há muito tempo, precisa ser mudado e oxigenado para que se quebre padrões negativos que vem se repetindo e sendo passado entre as gerações.
“Ovelha negra, normalmente, é uma pessoa que pensa diferente da maioria”
Se você é a ovelha negra da sua família, se alegre! Provavelmente você é a consciência mais desperta do seu grupo-carma familiar. E quem pode dizer o que é normal? Ninguém.
O poder de ser diferente
Os padrões sociais são normativos, passados de geração em geração através da cultura e dos valores familiares. Os pais repassam aquilo que aprenderam, e dentre esses ensinamentos que recebemos em forma de amor e preocupação, existem pérolas, orientações essenciais para o aprendizado que a vida oferece. E é verdade, quando quem ensina é a vida, a mão vem bem mais pesada. Porém, nossos pais também nos passam conceitos que nem sempre vão nos servir e, especialmente na adolescência, podemos ter dificuldade em assimilar algumas orientações. E é aí que as ovelhas negras começam a aparecer, pois, no momento em que dizem “não” ou “isso não me define”, são olhadas com preocupação e medo porque cruzam a fronteira do aceitável, do que é considerado saudável e virtuoso.
Adolescentes tidos como rebeldes e desobedientes podem esconder por trás desse exterior mais duro uma alma evoluída, com uma visão diferente de mundo, que recusa o autoritarismo e rejeita a imposição de valores pois sabe que a consciência deve ser livre para se expandir de acordo com a individualidade de sua natureza. Geralmente, as ovelhas negras quebram o equilíbrio do grupo e são o “bode expiatório” sobre o qual se projetam todas as culpas, pois é sempre muito confortável ter a quem culpar e desviar as pressões e frustrações da vida. E como as ovelhas negras não desejam se encaixar nos padrões sociais, tendendo a escolhas que trilham caminhos incomuns, são alvos fáceis das inseguranças alheias. Em termos de valores, quase sempre mostram desapego ao material, priorizando a realização, espiritualidade, relações afetivas e a conexão interior.
“As ovelhas negras, por ser errantes, diferentes, excluídas, desprezadas, mais inteligentes e evidentemente atrevidas, se encorajaram e mudaram o mundo”
Justamente por terem uma bagagem psicológica diferenciada, são incompreendidas e encaradas como um problema dentro da família, quando na verdade, quase sempre são a solução. E é parte do crescimento daquele grupo que recebeu essa consciência diferenciada superar o próprio ego para enxergar que não vão ensinar uma ovelha negra, mas sim aprender com ela.
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As ovelhas negras trazem libertação para a árvore genealógica
Sim, é exatamente isso: as ovelhas negras vieram libertar a família de sua prisão consciencial. Os membros de um grupo familiar que não se adaptam às normas ou tradições do sistema, que desde pequenos procuravam constantemente revolucionar as crenças, indo aparentemente na “contramão” dos caminhos marcados pelas tradições, são criticados, julgados e até mesmo rejeitados. E são esses indivíduos que possuem o poder de transformação através do exemplo e passagem de conhecimento, uma das únicas saídas para famílias que ainda se encontram adormecidas para a vida espiritual e material, endurecidas e resistentes à mudança. Elas modificam, reparam, causam reflexão e criam o novo. Graças a estes membros, as nossas árvores renovam as suas raízes.
Toda essa rebeldia é, na verdade, a terra fértil onde brota a mudança. Os desejos reprimidos, sonhos não realizados e frustrações de vida que são projetados e refletidos nessas consciências, não a penetram jamais. E essa rejeição ao velho e ultrapassado, ao que é imposto e contrário a natureza espiritual e individual, é o pilar da transformação através da reflexão que a ovelha negra provoca. Imagine um pai muito rígido, que espera que seu filho siga carreira na área médica. Mas o menino, desde criança, demonstra enorme talento para artes. Gosta de pintar, desenhar, tocar instrumentos e viajar através da leitura. Rejeitou os primeiros padrões impostos ao gênero masculino, como por exemplo a prática de esportes. Não se interessava por futebol ou outro tipo de exercício físico. Ao contrário da força que se espera do “macho” na sociedade patriarcal que vivemos, o menino era sensível, reflexivo e amoroso, criando conflitos familiares desde a infância. Esse pai, endurecido pelas bobagens que ouviu durante sua criação, repetia os mesmos padrões de seus pais, recebidos de seus avós e assim por diante. Era uma sucessão familiar de muito sofrimento, opressão, traições e valores pouco espiritualizados, que ficavam esmagados pelas imposições sociais. Até que aparece um menino doce, sensível, que exige fazer tudo de forma diferente em nome de sua individualidade. Óbvio que esse menino será considerado uma ovelha negra, pois não vai se sujeitar às imposições familiares e sociais que tentam direcionar seu existir. Provavelmente vai ser comparado com outros irmãos ou primos, que serão indicados como modelos a serem seguidos, pois, trilharam o caminho tradicional esperado.
A ovelha negra poderá ser vista com desprezo e certa raiva, pois quem está aprisionado não aceita aquele que é livre. Entretanto, ou esse pai amolece esse coração de pedra, ou corre o risco de perder o filho para sempre.
“No século XXI o que é ser uma ovelha negra? Não se humilhar e pedir perdão a quem você fez insistentemente denúncias! Já que revelar as máscaras é sinônimo de rebeldia!”
Muitos preferem a separação e desperdiçam a chance de crescimento através da quebra de padrões que a ovelha negra proporciona. Esses são os que mais sofrem, pois além da dor da perda, a mudança que quer nascer fica sufocada e também sufoca. Toda a família é um grupo-carma com uma assinatura energética semelhante. Por inércia, essa energia dominante vai querer continuar a manter seu curso castrador e tóxico, o que torna a tarefa das ovelhas um trabalho difícil, conflituoso e com danos emocionais por vezes profundos.
Ser a ovelha negra pode machucar
Até que essa ovelha diferente alcance a maturidade, o sofrimento emocional que ela pode enfrentar vai abrir diante dela uma caminho duro e cruel, trilhado pela crítica, não aceitação, sensação de abandono e rejeição. Essa ovelha, até que consiga se perceber como a joia que é, vai tentar se encaixar em alguns padrões e gerar ainda mais conflito e frustração, já que um quadrado nunca vai ocupar o espaço de um círculo. É um sofrimento para quem tenta se encaixar e para aqueles que estão em volta, aguardando ansiosos por esse encaixe. Quando vem as críticas, a ovelha negra vai responder com rebeldia e o círculo vicioso de expectativa e frustração será alimentado. Quanto mais frustração, mais gritos por liberdade e mais vai se fortalecer a imagem de “pessoa problemática”.
Porém, a inteligência divina é tão perfeita e amorosa, que é justamente esse processo de dor que fortalece ainda mais os valores dessa consciência. Quanto mais ela sofre, mais ela se liberta e mais ela internaliza valores altamente espiritualizados no que dizem respeito ao eu, ao social e ao mundo. Da zona de conforto saem as mentes medíocres; já o incômodo e dor produzem verdadeiras pérolas.
“Ostra feliz não produz pérola”
Essa afirmação é de uma profundidade que só Rubem Alves consegue atingir com as palavras. A ostra, para fazer uma pérola, precisa ter dentro de si um grão de areia que a faça sofrer. Sofrendo, a ostra diz para si mesma: “’Preciso envolver essa areia pontuda que me machuca com uma esfera lisa que lhe tire as pontas”. Pessoas felizes e totalmente adaptadas não sentem a necessidade de criar e transformar. O ato criador, seja na ciência ou na arte, surge sempre de uma dor, de uma recusa ao que está estabelecido e da busca pela transformação.
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Ser a ovelha negra é um privilégio
A pessoa etiquetada como diferente do resto da família assume um determinado papel dentre essas relações. O restante dos familiares se encontra em uma situação confortável, porque se sentem isentos de toda responsabilidade, pois, essa pressão e opressão que está direcionada ao diferente poderia estar recaindo sobre seus próprios ombros. E se essa ovelha perece nesse ambiente hostil, não vai conseguir usufruir dos privilégios que a diferença impõe, prejudicando a missão das ovelhas negras de despertar a família e elas mesmas.
E quais são esses privilégios? Muitos. Apesar das críticas e do sofrimento, a determinada altura as ovelhas negras se libertam das expectativas jogadas sobre elas. Elas não tem mais obrigação de nada, ninguém espera mais que elas mudem. E, quando elas percebem que todos, absolutamente todos são criticados e nunca aquilo que fazemos basta e é impossível agradar todo mundo, o peso da crítica passa a ser um motor que impulsiona essa consciência a expansão de suas potencialidades. Elas percebem que ser diferente pode ser uma ameaça para os outros, mas não para elas.
Pertencer a um “rebanho” não traz felicidade nenhuma, diferente do que acontece quando buscamos o nosso próprio caminho, uma das especialidades das ovelhas negras. Ao invés de questionamento, o salto emocional delas vem quando elas passam a enxergar o valor que possuem em função de suas diferenças, e passam a se sentir bem com seus próprios valores e a se orgulhar por terem coragem de erguer a voz sobre o restante do grupo.São os ousados que promovem avanços que abrem novos caminhos aos que não tem coragem.
O mundo está cheio de pensamento diversos , opiniões e julgamentos. Não existe nenhuma verdade universal e cada um precisa ser capaz de dar conta de si mesmo. Se você se incomoda com essa posição, pense melhor: você gostaria de ser como todas as outras ovelhas? Ocupar um espaço nessa massa amorfa onde todos são iguais? Você quer conduzir ou ser conduzido?
Vale dizer que existem indivíduos que quebram os padrões através dos vícios, criminalidade e outros comportamentos que não se encaixam na lucidez de alma que estamos tratando neste artigo. Essas pessoas precisam de ajuda, não de mais liberdade. É preciso cautela ao julgar uma ovelha negra e também em se reconhecer como mudança e transformação, para não cair na sedução de normalizar suas falhas através da justificativa da quebra de padrões. Outra cilada é justamente o que normalmente acontece, que é rotular como inferior uma consciência evoluída que não se sujeitou a regras e comportamentos ditos como normais, e resolveu viver de acordo com as batidas do próprio coração.
“Quanto mais as ovelhas leem, mais negras elas ficam”
Somente a convivência e o tempo mostram realmente o que cada um é de fato, e as verdadeiras ovelhas têm paciência de esperar. Aliás, paciência não é bem a palavra, pois, elas deixam de esperar dos outros o que não pode ter e percebem que aquilo que são tem uma firmeza de valores inabalável frente às ideias rasas que os outros fazem delas.
Pegue nas mãos as rédeas do seu destino, se assuma como a ovelha negra que é e siga seu caminho em paz! Mesmo que você não perceba, mesmo quando tudo parece desmoronar, provavelmente você está cumprindo sua missão. Devolva com amor as críticas que recebe e use seu exemplo e sua lucidez para trazer a tona o que de melhor existe naqueles que convivem com você. Orgulhe-se de quem você é!
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