Salmo 59: como proteger o seu povo de todo o mal
Agradecer por uma conquista ou pedir auxílio em momentos de grande necessidade; esses são alguns dos motivos pelos quais se recita um Salmo, que são nada mais que orações construídas pelo Rei David e reunidas no Livro dos Salmos, formado por uma coleção de 150 textos no total. Neste artigo iremos nos debruçar sobre o significado e a interpretação do Salmo 59.
Estas orações foram compostas de uma forma muito peculiar já que, além de cada um deles possuir uma temática diferente, também atendem à propósitos específicos. Junto à isso, temos uma estruturação de cada verso para que eles possam ser declamados em um formato quase musical.
Essa característica é, sem dúvida, uma das mais marcantes e que mais diferencia os Salmos de outras orações e livros bíblicos. Por trás desse formato, há ainda um propósito maior, onde tais orações “musicais” serviriam para estabelecer um sincronismo entre a oração e determinada entidade divina, tornando a mensagem mais clara e fortalecida.
Um das mensagens que podem ser levadas diretamente aos céus é o Salmo 59, sendo ele um pouco maior que alguns dos 150 Salmos, tendo como tema o apelo sobre as grandes mazelas da humanidade. Nele, é possível notar uma expressiva lamentação à respeito dos percalços pelos quais seu povo é obrigado a passar, clamando à Deus que intervenha por eles, livrando o povo não somente de inimigos e lutas, mas também de todas as ciladas que a vida apresenta e ferem a alma humana.
Por esse motivo, o Salmo 59 é utilizado ainda hoje como um pedido à Deus para que afaste as tragédias trazidas até a comunidade, que pode ser seu bairro, sua cidade ou aquilo que considera como sua sociedade e seu povo; até mesmo algo em maior escala como o país e o mundo. Seus efeitos são solicitados principalmente quando algum mal recair sobre o povo, como abalos terrestres e outros tipos de desastres naturais, por exemplo. Essa oração pode ser utilizada ainda para solicitar o auxílio divino em aliviar as feridas decorrentes destas tragédias.
Este Salmo pode ser entoado por qualquer pessoa, bastando ter fé em suas palavras. Veja, a seguir, a oração capaz de trazer alento ao coração das pessoas.
Livra-me, meu Deus, dos meus inimigos, defende-me daqueles que se levantam contra mim.
Livra-me dos que praticam a iniquidade, e salva-me dos homens sanguinários.
Pois eis que põem ciladas à minha alma; os fortes se ajuntam contra mim, não por transgressão minha ou por pecado meu, ó Senhor.
Eles correm, e se preparam, sem culpa minha; desperta para me ajudares, e olha.
Tu, pois, ó Senhor, Deus dos Exércitos, Deus de Israel, desperta para visitares todos os gentios; não tenhas misericórdia de nenhum dos pérfidos que praticam a iniquidade.
Voltam à tarde; dão ganidos como cães, e rodeiam a cidade.
Eis que eles dão gritos com as suas bocas; espadas estão nos seus lábios, porque, dizem eles: Quem ouve?
Mas tu, Senhor, te rirás deles; zombarás de todos os gentios;
Por causa da sua força eu te aguardarei; pois Deus é a minha alta defesa.
O Deus da minha misericórdia virá ao meu encontro; Deus me fará ver o meu desejo sobre os meus inimigos.
Não os mates, para que o meu povo não se esqueça; espalha-os pelo teu poder, e abate-os, ó Senhor, nosso escudo.
Pelo pecado da sua boca e pelas palavras dos seus lábios, fiquem presos na sua soberba, e pelas maldições e pelas mentiras que falam.
Consome-os na tua indignação, consome-os, para que não existam, e para que saibam que Deus reina em Jacó até aos fins da terra.
E tornem a vir à tarde, e deem ganidos como cães, e cerquem a cidade.
Vagueiem para cima e para baixo por mantimento, e passem a noite sem se saciarem.
Eu, porém, cantarei a tua força; pela manhã louvarei com alegria a tua misericórdia; porquanto tu foste o meu alto refúgio, e proteção no dia da minha angústia.
A ti, ó fortaleza minha, cantarei salmos; porque Deus é a minha defesa e o Deus da minha misericórdia.
Interpretação do Salmo 59
Leia, a seguir, uma interpretação detalhada dos versículos do Salmo 59.
Versículos 1 a 4 – Pois eis que põem ciladas à minha alma
“Livra-me, meu Deus, dos meus inimigos, defende-me daqueles que se levantam contra mim. Livra-me dos que praticam a iniquidade, e salva-me dos homens sanguinários. Pois eis que põem ciladas à minha alma; os fortes se ajuntam contra mim, não por transgressão minha ou por pecado meu, ó Senhor. Eles correm, e se preparam, sem culpa minha; desperta para me ajudares, e olha”.
Nos dois primeiros versículos, temos a repetição das expressões “livra-me” e “defenda-me”, como forma de pedir desesperadamente para que seja removido, libertado de seus sofrimentos. É uma forma de exprimir o ato de salvação.
Em seguida, temos o motivo pelo qual levou o salmista a pedir socorro: seus inimigos. Espreitando Davi e armando contra ele, o rei afirma que, houve um tempo em que sabia estar sofrendo por ter pecado; mas este não era o caso. Davi expressa, como forma de protesto, ser ausente de transgressões. Ele não se sente culpado, e por isso não se julga merecedor de ataques.
Versículos 5 a 8 – Eis que eles dão gritos com as suas bocas
“Tu, pois, ó Senhor, Deus dos Exércitos, Deus de Israel, desperta para visitares todos os gentios; não tenhas misericórdia de nenhum dos pérfidos que praticam a iniquidade. Voltam à tarde; dão ganidos como cães, e rodeiam a cidade. Eis que eles dão gritos com as suas bocas; espadas estão nos seus lábios, porque, dizem eles: Quem ouve? Mas tu, Senhor, te rirás deles; zombarás de todos os gentios;…”
Ainda clamando por salvação, Davi pede para que o Senhor desperte, e atenda seu chamado. E sabe que a misericórdia Divina se estende apenas àquele que é justo; todo aquele que praticar atos traiçoeiros e duvidar do castigo do Senhor, será punido. Diante do sofrimento dos perversos, Deus há de rir com desdém.
Versículos 9 e 10 – Pois Deus é a minha alta defesa
“Por causa da sua força eu te aguardarei; pois Deus é a minha alta defesa. O Deus da minha misericórdia virá ao meu encontro; Deus me fará ver o meu desejo sobre os meus inimigos”.
Ainda que os inimigos de Davi estivessem a espreita, o rei também aguardava, mas em vigília pelo Senhor. Deus é um poço de benignidade, e terá misericórdia de Seu filho.
Versículos 11 a 17 – Eu, porém, cantarei a tua força
“Não os mates, para que o meu povo não se esqueça; espalha-os pelo teu poder, e abate-os, ó Senhor, nosso escudo. Pelo pecado da sua boca e pelas palavras dos seus lábios, fiquem presos na sua soberba, e pelas maldições e pelas mentiras que falam.
Consome-os na tua indignação, consome-os, para que não existam, e para que saibam que Deus reina em Jacó até aos fins da terra. E tornem a vir à tarde, e deem ganidos como cães, e cerquem a cidade. Vagueiem para cima e para baixo por mantimento, e passem a noite sem se saciarem.
Eu, porém, cantarei a tua força; pela manhã louvarei com alegria a tua misericórdia; porquanto tu foste o meu alto refúgio, e proteção no dia da minha angústia. A ti, ó fortaleza minha, cantarei salmos; porque Deus é a minha defesa e o Deus da minha misericórdia”.
Essa segunda parte do Salmo 59 começa com um pedido de Davi para que Deus não mate seus inimigos. Ele deseja que os perversos sejam escorraçados, exilados, tornados fugitivos, para que sempre se lembrem (e sejam reflexo) das consequências de seus atos.
Em seguida, Davi volta as atenções para si, num ato de alegria, liberdade e respeito para com sua relação com Deus. Ainda que os perversos existam, e estejam em seu encalço, o salmista segue louvando, cantando e agradecendo.
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