Os 5 rituais japoneses para uma vida feliz e saudável
No ocidente, as culturas orientais sempre foram objeto de fascínio. Seu modo de vida, seus hábitos alimentares e a maneira como se relacionam com o ambiente que os cerca, até hoje despertam nossa curiosidade.
Graças à tecnologia e a globalização promovendo o intercâmbio entre pessoas e culturas, alguns desses hábitos puderam ser conhecidos e partilhados com o mundo. Muitos deles fazem profunda diferença em nossas vidas.
No Japão, por exemplo, viver bem significa ter uma vida feliz e saudável, mesmo diante do estresse diário. Nas tarefas mais simples do dia como cozinhar, arrumar o prato, tomar banho, limpar a casa e cuidar do jardim, podemos encontrar oportunidades para cuidar de nossa saúde mental e física. Mas como? O que fazem os japoneses para promover a felicidade? Listamos os 5 rituais mais famosos da terra do sol nascente para você praticar no dia-a-dia e mudar sua qualidade de vida.
“Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira”
5 rituais japoneses mais famosos
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IKEBANA
O ikebana, que em português se traduziria como “flores vivas”, é a arte japonesa de montar arranjos florais. Na arte ikebana, procura-se retratar o equilíbrio existente no universo, unindo o céu (Shin), o homem (Soe) e a terra (Tai ou Hikae) dentro de um mesmo arranjo. Na prática, trata-se de buscar a harmonia entre esses três elementos na construção dos arranjos, assumindo que cada um deles tem um lugar, um formato e uma maneira de se colocar junto de outros elementos.
Comparativamente, os arranjos florais nos países ocidentais não buscam a harmoniosa linearidade dos arranjos japoneses. É possível perceber a diferença nas cores, no ritmo e na imagem que o arranjo proporciona. Enquanto os ocidentais tendem a enfatizar a quantidade e as cores das flores, dedicando sua atenção principalmente à beleza das flores, os japoneses enfatizam os aspectos lineares do arranjo. Ikebana é mais do que simplesmente colocar as flores num recipiente. Toda a estrutura de um arranjo floral japonês está baseada em três pontos principais que simbolizam o céu, a terra e a humanidade.
Segundo os japoneses, o Ikebana pode ser a oportunidade perfeita para que o indivíduo que monta os arranjos reflita sobre seu lugar no mundo e entenda as limitações e sacrifícios que são necessários para se viver em analogia a busca pela beleza meticulosa e linear dos ramos, flores e folhas que deverão ser dispostos no arranjo. A arte reflete um processo meditativo que se levado a sério, promove o autoconhecimento e, por consequência, facilita as relações interpessoais.
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CHADO
A cerimônia de chá japonesa é chamada de Chanoyu ou Chadō que significa “o caminho do chá”. A atividade tradicional tem como influências o Taoísmo e Zen Budismo. Conta a história que o costume foi trazido inicialmente ao Japão no século IX, através de um monge budista chamado Eichu, quando retornava de uma de suas viagens da China.
A partir de então, o costume seria modificado ligeiramente nos séculos vindouros ao ponto de os famosos samurais desenvolverem o costume de consumir a bebida feita de matcha, ou, chá verde em pó. A erva então passou a ser cultivada em todo o território japonês e a cerimônia do chá foi se popularizando, alcançando todas as classes sociais.
Por trás do ritual está a filosofia Ichigo Ichie que significa “cada encontro é único e valioso”. Ou seja, o Chadō é um momento único que não será reproduzido e nos chama a atenção para a transitoriedade da vida.
Na simplicidade de fazer chá, ao observar a beleza do momento podemos compreender a imperfeição da vida abraçando a oportunidade como a arte da atenção, despertando para o momento presente, minimizando a ansiedade e focando no que realmente é importante.
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KINTSUGI
O kintsugi, que em português se traduz como “reparo em ouro” é uma técnica japonesa de restauração de vasos e taças de cerâmica danificados através de junções douradas. A técnica tornou-se comum entre os séculos XVI e XVII quando as taças de chá e cerâmica ganharam a sociedade japonesa tornando-se objetos realmente valiosos. Imagine que essas taças eram feitas de maneira artesanal, pintadas e decoradas à mão.
O trabalho manual no japão sempre fora valorizado como algo que depende não apenas tempo, mas paciência, cuidado, amor e atenção. Logo, imaginar que um presente destes pudesse se quebrar era imaginar que todo seu valor seria jogado fora com ele. O kintsugi então trouxe a solução para tal tipo de problema.
A técnica de restauração faz alusão à aceitação do imperfeito, em aprender a lidar com as falhas e mesmo assim encontrar beleza nelas, olhar as coisas de forma positiva. A insistência no valor do amor talvez seja o maior de seus aprendizados.
Não é porque um objeto se parte que devemos simplesmente descartá-lo, no kintsugi devemos pensar em um meio de recuperá-lo pelo amor que temos a ele aceitando o que ele pode vir a se tornar depois da reparação.
Inicialmente, alguns podem pensar que se trata apenas de apego material, mas pense novamente. Nos tempos em que vivemos, em que tudo é descartável, o kintsugi nos ensina a respeitar o valor das coisas por serem imperfeitas.
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SHODO
Além de arte, o shodo, que em português significa “o caminho da caligrafia”, é considerado uma disciplina muito difícil de se aperfeiçoar. Durante a educação primária, as crianças japonesas têm contato com o shodo em forma de matéria extra-curricular. A técnica consiste em praticar a caligrafia no estilo antigo tradicionalmente com uso de pincel, tinteiro, tinta nanquim, peso de papel e uma folha de papel arroz.
O shodō pratica a escritura dos caracteres japoneses hiragana e katakana, assim como os caracteres kanji. Além de exigir alta precisão e graça pelo calígrafo, cada caractere dos kanji devem ser escritos segundo uma ordem de traços específica, o que aumenta a disciplina necessária daqueles que praticam esta arte. O shodo é a arte da disciplina, mas também da aceitação.
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OFURÔ
O banho é um momento importante no dia de qualquer um de nós. Para os japoneses, além de higiene, o banho serve também para estreitar laços familiares e de amizade, mas o costume milenar do banho de ofurô consiste em aproveitar o momento do banho para aquecer o corpo, regenerar as energias e relaxar a mente das tensões do dia.
O banho inicialmente, começa fora da banheira, onde o indivíduo se lava com os produtos de banho como sabonetes e shampoos, para só depois entrar na banheira ofurô. Geralmente, todos da família usarão a mesma água, por isso a necessidade de se entrar limpo. A temperatura da água é de 40 graus, normalmente, e o banho é tomado à noite, antes de dormir. Na tradição, o banho começa pelo pai, seguido da mãe e só depois , os filhos.
Diferentemente das banheiras que conhecemos que nos permitem deitar, as banheiras de ofurô nos permitem tomar o banho sentado, em posição fetal, normalmente em banheira quadrada ou redonda, para apenas uma pessoa. A ideia é que o indivíduo tire aquele momento para si mesmo tentando resgatar o conforto da vida intrauterina. Além de cuidar do corpo, levando-se em consideração que a água quente estimula a circulação e combate dores musculares, o banho ofurô é uma verdadeira terapia mental.
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