Nanã: A Orixá da Sabedoria na Umbanda
Nanã é uma orixá de grande veneração nas religiões afro-brasileiras, como a Umbanda e o Candomblé. Conhecida como a orixá da sabedoria, do tempo e das águas paradas, ela simboliza a conexão entre a vida e a morte, representando a ancestralidade e a renovação.
Este artigo visa explorar quem é Nanã, sua importância cultural e espiritual, como é cultuada e as lições que ela traz para seus devotos.
A orixá entre o panteão das divindades
Nanã Buruku, ou simplesmente Nanã, é uma divindade que carrega uma aura de mistério e respeito. Ela é associada às águas paradas, lama e pântanos, elementos que representam a fertilidade e a regeneração.
É uma figura materna e ancestral, frequentemente descrita como uma mulher idosa, que detém o conhecimento dos segredos da vida e da morte. Essa orixá é frequentemente relacionada com a justiça divina e a paciência, sendo vista como uma entidade que traz calma e ponderação.
Em diversas mitologias africanas, é considerada uma deusa primordial, antecedendo muitos outros orixás.
Ela é mãe de orixás importantes como Obaluaiê (ou Omolu), Oxumaré e Ewá, e sua energia é essencialmente ligada à maternidade e à proteção dos vulneráveis.
A cultura e o respeito a Nanã na Umbanda e no Candomblé
Nanã ocupa um lugar de destaque tanto na Umbanda quanto no Candomblé. Na Umbanda, é uma das entidades que compõem a linha das “Águas”, associada à purificação e transformação.
No Candomblé, é vista como uma das “Yabás” (orixás femininas) mais antigas e respeitadas, com uma ligação profunda com os ancestrais e com a terra. As oferendas para Nanã geralmente incluem elementos que simbolizam pureza e respeito, como água, flores, velas roxas e brancas, além de alimentos sem sal.
Estes são oferecidos em cerimônias especiais para invocar sua presença e pedir sua proteção. Em alguns rituais, ela é sincretizada com Santa Ana, a avó de Jesus, o que reflete a importância de sua imagem como guardiã da sabedoria ancestral.
Histórias e mitos de Nanã
Existem muitos mitos e histórias envolvendo Nanã, que ilustram sua sabedoria e poder. Uma das histórias mais conhecidas é a de como ela se recusou a utilizar o ferro, um metal que simboliza a guerra e a violência, preferindo o barro para criar os seres humanos. Isso simboliza sua natureza pacífica e a conexão com a criação e a vida.
Outra história popular é sobre seu filho, Obaluaiê, que foi rejeitado por sua aparência e cuidado por Nanã. Essa narrativa enfatiza a compaixão de Nanã e sua aceitação de todos, independentemente de suas imperfeições.
Como Nanã é cultuada?
Os rituais para Nanã variam entre as tradições de Umbanda e Candomblé, mas há elementos comuns em ambas as práticas. Em geral, os terreiros dedicados a ela realizam oferendas de alimentos, flores, e objetos específicos como cabaças e alguidás. A cor roxa é predominante em suas cerimônias, simbolizando a transformação e a espiritualidade.
Durante as festas e celebrações, os médiuns que incorporam Nanã costumam dançar de forma lenta e graciosa, refletindo a serenidade da orixá.
Essas manifestações são momentos de grande respeito e reverência, onde a presença de Nanã é sentida como uma força tranquila e acolhedora.
Em algumas tradições, o culto a Nanã inclui rituais de purificação com água e lama, elementos que simbolizam a limpeza espiritual e a renovação.
Nanã e a sabedoria do tempo
Nanã é considerada a orixá que governa o tempo e a sabedoria. Ela nos ensina a importância de respeitar o ciclo natural da vida e a aceitar a passagem do tempo como um processo de aprendizado e crescimento.
Para os devotos, ela é uma conselheira que oferece orientação em momentos de incerteza e transição. Ela é invocada para proporcionar clareza em decisões difíceis e para ajudar a aceitar as mudanças inevitáveis da vida. Além disso, ela é uma protetora dos idosos, que são vistos como portadores de sabedoria e experiência.
Ela ensina o valor da paciência e da introspecção, encorajando seus seguidores a buscar a verdade interior e a agir com compaixão e justiça.
A importância de Nanã na vida dos devotos
Para muitos devotos, ela é uma fonte de consolo e orientação. Ela é especialmente importante em questões relacionadas à saúde e à morte, oferecendo conforto e serenidade em momentos de perda.
A presença de Nanã é sentida como uma força estabilizadora, que ajuda a enfrentar as dificuldades com coragem e dignidade. Nanã é também uma figura maternal, oferecendo proteção e cuidado aos que se sentem vulneráveis ou perdidos.
Seu culto é uma celebração da vida em todas as suas fases, desde o nascimento até a morte, e além.
Tradição e respeito!
Nanã é uma orixá de imenso respeito e importância nas tradições de Umbanda e Candomblé. Sua presença simboliza a sabedoria, a paciência e a aceitação dos ciclos naturais da vida. Através de seus ensinamentos e cultos, Nanã nos lembra da importância de honrar nossos ancestrais e de viver de acordo com os princípios de justiça e compaixão.
O culto a Nanã é uma forma de conectar-se com as verdades profundas da existência e de encontrar paz e clareza em meio às incertezas da vida. Ao reverenciar Nanã, os devotos buscam não apenas sua proteção, mas também a sabedoria necessária para navegar pelas complexidades da vida com serenidade e compreensão.
Nanã, com sua calma e profundidade, é um farol de sabedoria e uma fonte de consolo para todos que procuram orientação espiritual e apoio em suas jornadas.
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