Medicina indígena: como é utilizado o rapé
Na sociedade moderna, diversas opções de remédios foram desenvolvidas, além de tratamentos naturais, homeopatia, medicina alternativa e uma enorme lista de opções para tratamentos. Porém, por mais que a ciência tenha evoluído e descoberto várias substâncias curativas, os remédios clássicos da sabedoria de nossos ancestrais continuam sendo eficazes. Este é o caso da medicina indígena, que utiliza elementos da natureza para cura e para promover melhor qualidade de vida.
O rapé é uma das substâncias usadas na medicina indígena, que é capaz de trazer paz, energia, espantar a preguiça e ainda auxiliar na concentração e foco daqueles que o utilizam. O rapé geralmente é feito de tabaco e outras ervas e cinzas de árvores, que são moídos e transformados em um pó aromático e fino. O pó deve ser aspirado ou soprado pelas narinas. O uso do rapé é ancestral e esteve presente em diferentes lugares e épocas. Mas, seu principal uso é feito pela medicina indígena e pelos caboclos da floresta, que o usam para diversos fins, sejam medicinais ou cerimoniais.
Como é usado o rapé?
É importante ressaltar que o tabaco usado na medicina indígena não é o industrializado, mas uma planta que nunca teve contato com nenhum aditivo químico ou conservante. Inclusive, usar o tabaco como droga recreativa é um ato condenado pelas tribos que fazem seu uso medicinal.
O rapé é utilizado pelas tribos indígenas de forma regrada e sem fins recreativos. Trata-se de um tipo de remédio para encerrar dias de trabalho sob o sol. A substância é capaz de regular a pressão arterial, funcionando como um forte aliado para evitar o choque térmico entre o sol quente e a água fria dos rios, em que os índios se banham. Geralmente, o rapé é usado em duplas e deve ser administrado por pessoas que tenham experiência no uso, pois a maneira como é induzido, a quantidade e até o estado de espírito da pessoa no momento da aplicação, podem fazer toda a diferença.
Apesar de não ser difícil aspirar o pó, ele costuma ser soprado através de um instrumento que é semelhante a um bambu oco, chamado de Tipi. Em todo uso do rapé, o plano espiritual se aproxima da pessoa que inalou, abrindo as portas da percepção da mente e o deixando mais suscetível a intervenções não terrenas. Trata-se de um convite para o mundo espiritual e sábio, que vai além dos humanos. Além de auxiliar a medicina indígena, o uso do rapé estimula a criatividade, ajuda a organizar pensamentos e a entrar em contato com o eu interior. É utilizado para encontrar respostas não passíveis de se ver em estado inalterado de consciência.
É importante alertar que o rapé nunca deve ser usado sem a supervisão de pessoas que entendam seu poder e a forma como ele deve ser administrado. Os índios possuem a sabedoria necessária para o consumo e o uso pelos homens da vida urbana muitas vezes pode ser arriscado.
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Os diferentes tipos de rapé
xistem diversos tipos de rapé, que promovem diferentes efeitos e sensações no usuário. Há uma crença de que o rapé carrega a intenção e energia transmitidas por quem está recebendo a medicina e por quem está soprando o pó. A pessoa que aplica deve estar ciente do que faz, pois, o modo como pega o pó na mão e o Tipi, a forma que assopra e o que pensa enquanto o faz, influenciam de maneira positiva ou negativa no trabalho. O mesmo rapé, se aplicado por duas pessoas diferentes, certamente não terá o mesmo efeito. A aplicação também pode ser feita pelo próprio usuário com um auto aplicador, um Tipi bem curto, denominado Kuripe. Ele é pequeno e cabe no espaço entre a boca e o nariz, sendo pessoal, como uma escova de dentes. Depois de saber um pouco mais sobre a aplicação, conheça alguns tipos de rapé e seus efeitos.
- Rapé Cumaru: É utilizado por diferentes tribos do Acre. Possui efeito de abrir os chacras da cabeça, acalmando os pensamentos e abrindo percepções extrafísicas. Ajuda no foco mental.
- Rapé Canela de Velho: É usado pela tribo Kaxinawá. Atua fundamentalmente nos três centros – mental, físico e emocional. É um pouco mais forte do que o Pau Pereira. Se foca em equilibrar os três centros psicológicos.
- Rapé Tsunu: É constituído pela casca de Pau Pereira. Usado geralmente para descarrego, equilíbrio e limpeza. Se a intenção for direcionada, é muito eficaz para se conectar com a natureza. É utilizado pela tribo Yawanawá e também atua nos três centros – mental, emocional e físico.
- Rapé Murici: É feito a partir das cinzas da árvore Murici. Age sobre o centro físico, reorganizando e limpando as energias que são acumuladas no baixo ventre. É muito poderoso para os trabalhos de cura física.
- Rapé Mulateiro: É constituído pelas cinzas da árvore de Mulateiro e Tabaco. Sua circulação é bilateral, proporcionando um fluxo energético especial. É indicado para liberação de tensões acumuladas nos lobos direito e esquerdo da cabeça.
Os rapés Aromáticos
- Canela de Velho com Menta e Erva Doce: Funciona como ante estresse, relaxante e tem efeito refrescante
- Cumaru com Noz Moscada e Canela: Usado para foco mental e metafísico. É indicado para meditação.
- Murici com Cardamomo e Catuaba: Funciona como energético, revitalizante e ativa o centro sexual.
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