A história secreta dos nossos inimigos pode mudar tudo!
Pessoas difíceis cruzam o nosso caminho todo o tempo. Na família e no trabalho, enfrentamos muitas dificuldades nesse sentido, pois são os ambientes que mais exigem de nós um certo jogo de cintura para lidar com pessoas complicadas, que muitas vezes querem realmente o nosso mal. Inveja, ciúme e sabotagem são exemplos de emoções e até ações que vamos ter que enfrentar em certas situações que a vida nos coloca. E nós mesmos sentimos o que nessas horas? Raiva. Só conseguimos enxergar as ações, o mal causado, e não conseguimos ir além disso.
“A raiva é um veneno que bebemos esperando que os outros morram”
É natural nos sentirmos dessa forma quando somos maltratados, humilhados ou passados para trás. Mas a empatia pode mudar tudo! Há sempre um motivo, uma história triste por trás de cada vilão. E quando conhecemos essa história, ela traz uma humanização para o inimigo que nos ajuda a neutralizar a hostilidade. Que diga-se de passagem, faz muito mais mal para nós mesmos do que para o outro.
O problema do julgamento
O julgamento é um conceito complicado. O que a sociedade mais faz é julgar, ao mesmo tempo em que condena quem julga. O que mais encontramos por aí são pessoas condenando o julgamento, como se ele fosse o mais terrível dos pecados. Mas, é preciso dizer que sem julgar, ninguém pensa. O pensamento humano depende do julgamento, pois é através da análise dos fatos e do comportamento dos outros que construímos a nossa visão de mundo, nossos valores e inclusive evoluímos através dos exemplos que consideramos negativos. Para pensar é obrigatório julgar.
Todas as pessoas julgam. Mas, o que não podemos nunca fazer é condenar, é tirar uma conclusão que sentencie a pessoa a qualquer que seja a pena, mesmo que essa sentença seja apenas mental. Essa é a diferença.
“Deus odeia o pecado, mas ama o pecador”
Isso significa que, quando nos deparamos com algo que contraria os nossos valores, é automático julgarmos. Mas, a sentença é o que vem depois desse primeiro movimento do raciocínio, que analisa o comportamento alheio. Por exemplo, um pai que abandona o filho. Não há como não julgar o ato em si, pois nenhuma criança merece ser abandonada pelos pais. Vamos olhar a situação e pensar que é errado abandonar, que o que foi feito com aquela criança é terrível. No entanto, o que vier a partir daí é condenação. Normalmente, o que vem a seguir são pensamos de natureza punitiva: espero que ele seja preso, eu jamais faria algo assim, como ele pode fazer isso, ele não merecia ser pai, deve ser um drogado bandido, fugiu por causa de mulher esse safado… e por aí vai. Isso é o que jamais devemos fazer.
“Se pudéssemos ler a história secreta de nossos inimigos, descobriríamos tristeza e sofrimento suficientes para desarmar qualquer hostilidade”
Não sabemos o que levou aquela pessoa a cometer tal ato, quais eventos na vida dela foram responsáveis por construir uma personalidade mais fraca, vícios, comportamento violento ou seja lá o que for. Até mesmo no caso de psicopatas, onde existe um problema físico que resulta na frieza e desprezo no trato com o outro, o meio e a estrutura familiar podem contribuir para que o transtorno se intensifique ou abrande. Quase sempre é a estrutura familiar a culpada, quando a criança sofre maus tratos, abusos e não conhece o que é o amor. E as pessoas dão o que elas recebem…
Não condenar é isso, é compreender que a história de vida das pessoas influencia muito na formação do caráter e da personalidade delas. E isso é tão fácil de compreender! Mas a ira e a sanha da multidão em condenar entende essa afirmação não com o coração, mas com a raiva e ressentimento, percebendo esse raciocínio empático como “passar a mão em cabeça de bandido”. Talvez alguns digam “leva para casa”. Obviamente não se trata disso. Qualquer que seja o delito, sempre será necessário que a lei se faça cumprir, e, para isso, existem as leis dos homens. Mas só quem pode condenar são os juízes. Ao resto de nós, cabe exercitar a empatia e tentar perceber as coisas por um ângulo mais humano.
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Justiça, empatia e misericórdia
Como vimos, exercer a empatia não tem nada a ver com a justiça. Matou? Deve ser preso e receber a pena adequada. Mas precisamos entender que talvez, naquela mesma situação, faríamos o mesmo. E quando digo mesma situação, não é o momento do ato em si, mas toda a sequência de vida daquela pessoa que a trouxe até aquele momento do crime.
Ninguém sabe o que o outro está passando ou carrega dentro da alma. Por trás das máscaras sociais que vestimos, há sempre uma história de vida que esconde dor. Ninguém passa pela vida sem ser impactado em algum momento pelo sofrimento. E, quem nega que essa afirmação seja verdade, está em uma situação ainda mais complicada que a maioria, pois ainda não conseguiu racionalizar a vida que teve e não identificou esses momentos que fazem parte da história de todos. E o que passamos nunca vai servir de justificativa para os erros que cometemos, mas são uma explicação para os deslizes. Essa diferença entre justificativa que absolve e elemento que explica é essencial para começarmos a termos um raciocínio mais empático e misericordioso. E não é isso que quase todas as pessoas buscam? Uma mente e emoções que se aproximem dos atributos divinos? Deus é misericórdia, embora também seja justiça. Esse é o maior erro das religiões, e são os mais cristãos que costumam louvar um deus vingativo, inseguro, raivoso e que condena a danação eterna que desobedece leis escritas por homens.
Dizer que Deus ama o pecador mas odeia o pecado tem tudo a ver com o tema deste artigo. O pecador não será absolvido, simplesmente porque Deus é misericordioso. Mas também não será enviado para o inferno, já que o inferno não passa de uma invenção religiosa. As leis divinas são, nesse sentido, uma expressão desse amor, dessa misericórdia e justiça, pois, elas dão oportunidades sem fim para que uma pessoa aprenda suas lições, ao mesmo tempo em que usam o próprio pecado contra o pecador como forma de aprendizado. É tudo tão perfeito! Uma dessas leis é a Lei da Causa e Efeito, que, junto com o livre-arbítrio, constroem uma ideia de Deus muito mais complexa e cheia de sentido do que o deus homem vingativo, irado e punitivo. Todos tem a liberdade de escolha, mas todos vão ter de arcar com os frutos dessas escolhas. E assim gira a Roda das Encarnações! Por isso, o melhor a fazer quando você for prejudicado de alguma forma por essas consciências que escolheram os atalhos da vida, julgue, mas não condene. Procure compreender a pessoa como um aglomerado de elementos, uma personalidade muito mais complexa do que os atos que ela dirigiu a você.
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