Deus Thor e a Árvore de Natal – entenda essa relação
Uma das versões mais conhecidas para explicar o surgimento da árvore de Natal como símbolo cristão se refere a um embate que envolve um santo católico, São Bonifácio e um deus nórdico, Thor. Conheça neste artigo a história de pregação de São Bonifácio e como seu embate com Thor deu origem à Árvore de Natal.
A história de São Bonifácio
São Bonifácio nasceu na Inglaterra, aproximadamente em 680 e, depois de entrar na ordem dos monges beneditinos, foi mandado como missionário para a região da atual Alemanha, conhecida então como Germânia, onde se tornou bispo. O santo foi responsável por diversas conversões de pagãos que adoravam os deuses nórdicos. Foi apoiado pelo imperador Carlos Magno e de acordo com o Papa Bento XVI, possuía um “dom para a organização” e era reconhecido pelo “caráter flexível, amigável e forte”.
Quando imaginamos um santo, não pensamos em uma pessoa ousada, que empunhe um machado, um martelo ou que derrube árvores como carvalhos. Porém, assim era São Bonifácio. Conheça a história que envolve o santo e que dá origem à simbólica árvore de Natal.
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A origem da Árvore de Natal
Por volta do ano 723, São Bonifácio viajou com um grupo pequeno de pessoas pela região da Baixa Saxônia. Em uma comunidade de pagãos, próxima de Geismar, era realizado um sacrifício humano (em que a vítima costumava ser uma criança). Esta cerimônia era efetivada no meio do inverno e a oferenda era feita à Thor, o deus do trovão, na base de um carvalho considerado sagrado e conhecido como “O Carvalho do Trovão”.
O santo planejava destruir o Carvalho do Trovão, não apenas para salvar a vítima do sacrifício, mas também para mostrar aos pagãos que ele não seria atingido por um raio enviado por Thor.
Bonifácio e seus companheiros chegaram na aldeia nas vésperas do Natal, em tempo de interromper o sacrifício. Com o báculo de bispo na mão, o santo se aproximou dos pagãos reunidos na base do Carvalho do Trovão e disse a eles: “Aqui está o Carvalho do Trovão e aqui a cruz de Cristo que romperá o martelo do Thor, o deus falso”.
O carrasco tentou levantar o martelo para sacrificar o menino, porém o bispo freou o golpe com o báculo, quando aconteceu um milagre: o báculo de madeira espatifou o martelo de pedra, salvando uma vida inocente. De acordo com relatos, Bonifácio disse ao povo:
“Escutai, filhos do bosque! Não jorrará sangue esta noite. Porque esta é a noite em que nasceu o Cristo, o Filho do Altíssimo, o Salvador da humanidade. Ele é mais justo que Baldur, maior que Odim, o sábio, mais gentil que Freya, o bom. Desde a vinda d’Ele, o sacrifício terminou. A escuridão, Thor, a quem invocastes em vão, é a morte. No profundo das sombras de Niffelheim ele se perdeu para sempre. A partir de agora, vós começareis a viver. Esta árvore sangrenta nunca mais escurecerá a vossa terra. Em nome de Deus, eu a destruirei”.
Depois disso, Bonifácio pegou o machado que estava perto do carvalho e brandiu no ar. Uma raja de ar poderosa varreu o bosque e derrubou a árvore pelas raízes, deixando-a em quatro pedaços. Com a madeira do Carvalho, foi construída mais tarde uma capela.
Diante dos pagãos estarrecidos, pois Thor não havia fulminado o santo com seu raio vingador, o bispo continuou seu discurso, aprontando agora para outra árvore próxima, um pequeno pinheiro.
“Esta arvorezinha, este pequeno filho do bosque, será nesta noite a vossa árvore santa. Esta é a madeira da paz; é o sinal de uma vida sem fim, porque as suas folhas são sempre verdes. Olhai a sua ponta voltada ao céu. Esta será a árvore do Menino Jesus! Reuni-vos em torno dela, não mais no bosque selvagem, mas dentro dos vossos lares; ali haverá abrigo e não ações sangrentas; ali haverá presentes amorosos e gestos de bondade”.
Não existem registros documentais deste episódio, apenas tradições repassadas entre as gerações. O fato histórico é que São Bonifácio foi um dos maiores responsáveis pela conversão dos povos germânicos, pelo fim dos sacrifícios humanos realizados nos cultos pagãos daquela região e o início de uma tradição que persiste até hoje: a de decorar a árvore de Natal para celebrar o nascimento de Jesus.
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