Calunga: mas o que seria isto?
Provavelmente a maioria dos brasileiros já deve ter escutado a palavra “Calunga” em algum momento da vida. Trata-se de um termo oriundo das línguas bantu, que, culturalmente, ganhou diversos significados e reinterpretações pelo correr do tempo.
Calunga era visto como o “vazio”, por se tratar do sentimento que sentiam os negros ao verem os corpos de seus amados deitados sob a sepultura. Neste momento, os cemitérios em bantu começaram a ser denominada como calungas. Era um lugar de imenso pesar e amplitude de vazio.
Calunga e a escravidão
Porém, foi na escravidão que este termo se expandiu ao Brasil. Quando os negros eram tomados de sua mãe África, o peito continental chorava o mais tenro mel de imensa tristeza e desgosto. Neste momento, o cemitério local que ficava próximo ao mar começou a se estender à concepção do mar, pois, se eram levados, nunca mais pelas ondas voltavam.
A cada mãe que abandonava os filhos, ou a cada filho que era arrancado do peito materno, a grande calunga, também conhecida como o mar, recebia o seu novo viajante.
Muitas pessoas, durante muito tempo, se entristeceram com esta grande entidade marinha, a “calunga grande”, porém, nos esquecemos que, mesmo na dor, os espíritos da natureza e da vida nos amam e cuidam de nós. Se o filho de uma mãe negra foi arrancado de seus braços, é porque a hora era chegada e a compreensão de tudo isto está além de nossos conhecimentos.
O amor de mãe, naquele momento desamparado e em prantos, era confortado pelas ondas mansas da grande calunga, trazendo paz e harmonia ao coração abatido.
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Calunga como entidade
Hoje, vemos Calunga próxima de Iemanjá, com a entidade dos grandes mares, que, ao mesmo tempo que nos trazem bençãos, também podem ser responsáveis por nos afastar de quem amamos. Tudo precisa ser aceito nesta vida efêmera. Nada fica, nada resta.
Flores e pétalas podem ser jogadas ao mar, para que no balançar das ondas todas as vidas sejam lembradas. A grande importância da vida é nunca guardar rancor. Jamais. Nunca sabemos o objetivo e o que existe além do horizonte, além do arco-íris, além do pós-vidas.
Da mesma maneira que o choro daquela mãe ainda ecoa do outro lado da calunga grande, a calunga, em sua imensidão líquida, nunca pode esconder a presença de suas lágrimas salgadas.
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