Salmo 22: palavras de angústia e libertação
O Salmo 22 é um dos Salmos de Davi mais profundos e aflitivos. Ele inicia-se com uma lamentação intensa onde quase podemos sentir as dores do salmista. No fim, ele mostra como o Senhor o libertou, mencionando a crucificação e ressureição de Cristo. Esse salmo pode ser orado para reestabelecer a harmonia conjugal e familiar.
Todo o poder do Salmo 22
Leia as palavras sagradas com muita atenção e fé:
Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que estás afastado de me auxiliar, e das palavras do meu bramido?
Deus meu, eu clamo de dia, porém tu não me ouves; também de noite, mas não acho sossego.
Contudo tu és santo, entronizado sobre os louvores de Israel.
Em ti confiaram nossos pais; confiaram, e tu os livraste.
A ti clamaram, e foram salvos; em ti confiaram, e não foram confundidos.
Mas eu sou verme, e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo.
Todos os que me vêem zombam de mim, arreganham os beiços e meneiam a cabeça, dizendo:
Confiou no Senhor; que ele o livre; que ele o salve, pois que nele tem prazer.
Mas tu és o que me tiraste da madre; o que me preservaste, estando eu ainda aos seios de minha mãe.
Nos teus braços fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre de minha mãe.
Não te alongues de mim, pois a angústia está perto, e não há quem acuda.
Muitos touros me cercam; fortes touros de Basã me rodeiam.
Abrem contra mim sua boca, como um leão que despedaça e que ruge.
Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como cera, derreteu-se no meio das minhas entranhas.
A minha força secou-se como um caco e a língua se me pega ao paladar; tu me puseste no pó da morte.
Pois cães me rodeiam; um ajuntamento de malfeitores me cerca; transpassaram-me as mãos e os pés.
Posso contar todos os meus ossos. Eles me olham e ficam a mirar-me.
Repartem entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançam sortes.
Mas tu, Senhor, não te alongues de mim; força minha, apressa-te em socorrer-me.
Livra-me da espada, e a minha vida do poder do cão.
Salva-me da boca do leão, sim, livra-me dos chifres do boi selvagem.
Então anunciarei o teu nome aos meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação.
Vós, que temeis ao Senhor, louvai-o; todos vós, filhos de Jacó, glorificai-o; temei-o todos vós, descendência de Israel.
Porque não desprezou nem abominou a aflição do aflito, nem dele escondeu o seu rosto; antes, quando ele clamou, o ouviu.
De ti vem o meu louvor na grande congregação; pagarei os meus votos perante os que o temem.
Os mansos comerão e se fartarão; louvarão ao Senhor os que o buscam. Que o vosso coração viva eternamente!
Todos os limites da terra se lembrarão e se converterão ao Senhor, e diante dele adorarão todas as famílias das nações.
Porque o domínio é do Senhor, e ele reina sobre as nações.
Todos os grandes da terra comerão e adorarão, e todos os que descem ao pó se prostrarão perante ele, os que não podem reter a sua vida.
A posteridade o servirá; falar-se-á do Senhor à geração vindoura.
Chegarão e anunciarão a justiça dele; a um povo que há de nascer contarão o que ele fez.
Interpretação do Salmo 22
Veja a interpretação das palavras sagradas:
Versículo 1 a 3 – Deus meu, Deus Meu
“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que estás afastado de me auxiliar, e das palavras do meu bramido? Deus meu, eu clamo de dia, porém tu não me ouves; também de noite, mas não acho sossego. Contudo tu és santo, entronizado sobre os louvores de Israel”.
Nos primeiros versículos do Salmo 22 percebe-se um sentido agudo de aflição de Davi, em que ele lamenta o sentimento de afastamento de Deus. Essas foram as mesmas palavras pronunciadas por Jesus durante a sua agonia na cruz e por isso reflete o extremo desespero que Davi se encontrava naquele momento.
Versículo 4 – Em ti confiaram nossos pais
“Em ti confiaram nossos pais; confiaram, e tu os livraste”.
Em meio a dor e desespero, Davi confessa que a sua fé é no Deus louvado pelos seus pais. Ele lembra que Deus foi fiel às suas gerações anteriores e que tem certeza de que continuará sendo fiel às gerações posteriores que continuam leais a ele.
Versículo 5 a 8 – Mas eu sou verme, e não homem
“A ti clamaram, e foram salvos; em ti confiaram, e não foram confundidos. Mas eu sou verme, e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo. Todos os que me vêem zombam de mim, arreganham os beiços e meneiam a cabeça, dizendo: Confiou no Senhor; que ele o livre; que ele o salve, pois que nele tem prazer”.
Davi estava exposto a um sofrimento tão grande que se sente menos humano, ele descreve-se como um verme. Sentindo-se no fundo do poço, os seus inimigos ridicularizaram a fé que Davi tinha no Senhor e sua esperança de salvação.
Versículos 9 e 10 – O que me preservaste
“Mas tu és o que me tiraste da madre; o que me preservaste, estando eu ainda aos seios de minha mãe. Nos teus braços fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre de minha mãe”.
Mesmo com tanto deboche à sua volta, Davi retoma suas forças e as deposita no Senhor, aquele que confiou durante toda a sua vida. Em vez de duvidar da bondade divina durante o período mais difícil de sua vida, ele prova o poder da fé reafirmando seu louvor ao seu único Deus por toda a vida.
Versículo 11 – Não te alongues de mim
“Não te alongues de mim, pois a angústia está perto, e não há quem acuda”.
Novamente ele repete seu lamento inicial, reafirmando que não é capaz de tolerar o sofrimento sem ajuda de Deus.
Versículos 12 a 15 – Como água me derramei
“Muitos touros me cercam; fortes touros de Basã me rodeiam. Abrem contra mim sua boca, como um leão que despedaça e que ruge. Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como cera, derreteu-se no meio das minhas entranhas. A minha força secou-se como um caco e a língua se me pega ao paladar; tu me puseste no pó da morte”.
Nestes versículos do Salmo 22, o salmista usa descrições vívidas para detalhar sua angústia. Ele cita seus inimigos como touros e leões, mostrando que sua aflição é tão profunda que ele sente a sua vida sugada, como se alguém esvaziasse um jarro d´água. Ainda na referência da água, ele aplica as palavras de Jo 19.28, ao dizer que as palavras de Jesus tenho sede, expressando sua secura terrível.
Versículos 16 e 17 – Pois cães me rodeiam
“Pois cães me rodeiam; um ajuntamento de malfeitores me cerca; transpassaram-me as mãos e os pés. Posso contar todos os meus ossos. Eles me olham e ficam a mirar-me”.
Nestes versículos, Davi cita os cães como a terceira representação animal de seus inimigos. Nessa citação ele prevê claramente a crucificação de Jesus. As figuras de linguagem utilizadas representam as tristes vivências de Davi e os sofrimentos que Jesus viria sofrer.
Versículo 18 – Repartem entre si as minhas vestes
“Repartem entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançam sortes”.
Neste trecho, Davi alerta que na crucificação de Jesus, os soldados tirariam as vestes de Cristo e tiraram a sorte entre eles, cumprindo fielmente essas palavras.
Versículos 19 a 21 – Salva-me da boca do leão
“Mas tu, Senhor, não te alongues de mim; força minha, apressa-te em socorrer-me. Livra-me da espada, e a minha vida do poder do cão. Salva-me da boca do leão, sim, livra-me dos chifres do boi selvagem”.
Até este versículo, o foco do Salmo 22 era o sofrimento de Davi. O Senhor aqui aparecia distante apesar do clamor do salmista. Ele é chamado para socorrer e livrar Davi como a sua última saída. O emprego de metáforas animais volta a acontecer, citando cães, leões e agora também unicórnios.
Versículos 22 a 24 – Louvar-te-ei no meio da congregação
“Então anunciarei o teu nome aos meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação. Vós, que temeis ao Senhor, louvai-o; todos vós, filhos de Jacó, glorificai-o; temei-o todos vós, descendência de Israel. Porque não desprezou nem abominou a aflição do aflito, nem dele escondeu o seu rosto; antes, quando ele clamou, o ouviu”.
Este versículo mostra como Deus liberta de toda a dor do salmista. Aqui, Deus já socorreu Davi depois de tanto sofrimento. Depois de tantas palavras de aflição, agora o auxílio de Deus faz com que o salmista se sinta amparado, e por isso evoca palavras de gratidão e devoção. Deus está próximo, responde e salva e por isso, sua fé e suas esperanças não foram em vão.
Versículos 25 e 26 – Os mansos comerão e se fartarão
“De ti vem o meu louvor na grande congregação; pagarei os meus votos perante os que o temem. Os mansos comerão e se fartarão; louvarão ao Senhor os que o buscam. Que o vosso coração viva eternamente!”
Depois de salvo por Deus, Davi promete louvar e evangelizar em seu nome, a sua proclamação pública iria estimular os demais fieis e depositar sua fé no Senhor, que nunca abandona aqueles que confiam nele.
Versículos 27 a 30 – Porque o domínio é do Senhor
“Todos os limites da terra se lembrarão e se converterão ao Senhor, e diante dele adorarão todas as famílias das nações. Porque o domínio é do Senhor, e ele reina sobre as nações. Todos os grandes da terra comerão e adorarão, e todos os que descem ao pó se prostrarão perante ele, os que não podem reter a sua vida. A posteridade o servirá; falar-se-á do Senhor à geração vindoura”.
Diante de sua salvação, Davi decide que precisa disseminar a palavra sagrada para além de Judá. Ele queria a propagação do Evangelho, a benção de todas as nações.
Versículo 31 – A um povo que há de nascer contarão o que ele fez
“Chegarão e anunciarão a justiça dele; a um povo que há de nascer contarão o que ele fez”.
A mensagem final mostra que a morte e ressurreição de Cristo irá espalhar a crença no Senhor por toda a terra e por todas as eras. As pessoas ouviram a mensagem clara do Senhor e o seguirão com fé.
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