Baleia Azul – um jogo mortal. Entenda como funciona e quais os riscos
Você já deve ter ouvido falar do Jogo que está circulando nas redes sociais chamado Baleia Azul, ele chegou ao Brasil há pouco tempo e já há casos de suicídio sendo investigados por suspeita de envolvimento com este jogo mortal. Entenda como funciona e os riscos.
Baleia Azul – um jogo que induz ao suicídio
A Polícia passou a suspeitar que este jogo mortal havia chegado ao Brasil com a morte de Maria de Fátima Oliveira, uma adolescente de 16 anos de Cuiabá. O corpo da menina foi encontrado em uma represa na região central de sua cidade. Maria de Fátima possuia sinais de mutilação no corpo, saiu de casa no meio da madrugada sem qualquer documento ou dinheiro, seus chinelos foram encontrados na beira da represa. Com a investigação, os indícios que a jovem estava jogando Baleia Azul aumentaram, além das mutilações, Maria de Fátima deixou duas cartas falando sobre as regras e a cronologia das 50 fases do tal jogo. O caso ainda não foi confirmado pela polícia.
Maria de Fátima foi apenas a primeira suspeita. Desde então, há outros casos de suicídios de jovens que estão sendo ligados ao tal jogo em Curitiba (PR), Goiania (GO), Belo Horizonte (MG), Pará de Minas (MG) e Arcoverde (PE), mas ainda não foram confirmados.
O que é o Jogo Baleia Azul
Os primeiros indícios da existência deste jogo mortal foram identificados na Rússia, depois de uma série de suicídio de jovens participantes de comunidades virtuais entre novembro de 2015 e abril de 2016. Entretanto, este fato foi misturado a inúmeros boatos e mentiras que chegaram a anunciar que 130 jovens haviam cometido suicídio, números que nunca foram confirmados pela polícia. Agora, este jogo que incita a automutilação e o suicídio parece estar de volta, e tem alcançado adolescentes fragilizados e vítimas de depressão no Brasil.
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Como funciona
O Baleia Azul está nas redes sociais, são grupos secretos e fechados que possuem um “coordenador”, protegido por um perfil falso criado nas redes. Os adolescentes fragilizados emocionalmente, que sofrem de depressão, bullying e/ou exclusão social são as vítimas mais frequentes. Eles são tentados a participar deste jogo, e o coordenador alerta: “Tem certeza que você quer entrar? Depois que entrar não tem mais volta. ”
O jogo possui 50 fases para serem jogados durante 50 dias. Começa com ações “mais leves”, como assistir a um filme de terror indicado por ele, sozinho; acordar no meio da madrugada para ouvir músicas psicodélicas que ele enviava, que fique 24 horas acordado lendo textos perturbadores. Com o avançar dos dias, as fases se tornam mais deprimentes e complexas, envolvendo estar à beira de pontes e de telhados, automutilar-se fazendo cortes nos braços e pernas com giletes e facas, e a fase final culminaria com o suicídio. Todos os atos eram orquestrados e confirmados pelo coordenador, que pedia fotos e vídeos dos participantes enquanto eles viam os filmes, se mutilavam e sofriam.
Quando alguém tenta abandonar o jogo, eles partem para a chantagem. Eles dizem: “Eu sei como fazer você voltar a jogar, e as pessoas ao seu redor vão sofrer muito mais”. Além disso, convencem os participantes que estão infiltrados no computador deles, que já sabe quem são seus familiares e amigos e que eles irão pagar caso ele saia do jogo. Uma ameaça muito duvidosa, mas que funciona muito bem em um adolescente fragilizado.
A morte do participante é determinada, na última fase, pelo coordenador do grupo. Ele diz como e quando fazer: normalmente se atirando de telhados, em rios, com cortes nos pulsos ou ingerindo quantidades mortais de medicamentos.
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Por que os adolescentes estão se submetendo a isso?
Essa é uma questão muito complexa e precisa ser explicada pela psicologia. Ela traz a luz à questão do suicídio na adolescência. Segundo uma pesquisa realizada pela Faculdade Latina Americana de Ciências Sociais, de 1980 a 2014 o número de jovens (de 15 a 29 anos) que tiraram a própria vida teve aumento de 26%. No Brasil, em 2014 (últimos dados disponíveis) 2.898 jovens cometeram suicídio, e os pesquisadores acreditam que os números são ainda maiores, pois muitos pais têm vergonha do fato de seu filho ter se matado. Outro motivo, é que muitas vezes é possível impedir a morte do adolescente, pois eles costumam deixar indícios e cartas que denunciam que irão tentar se matar.
A depressão e a vontade de morrer nos jovens leva-os a procurar jogos como estes. São pessoas sozinhas, com poucos amigos e já com histórico de depressão. Os grupos e os coordenadores “apadrinham” esses adolescentes, dão atenção integral, 24 horas, e aproveitam da sua fragilidade para encaminha-los para o suicídio. Outros, já querem se matar, mas não têm coragem, e encontram nesses grupos tutores para ajudá-los.
Como prevenir?
Os riscos deste jogo são muito altos e pode acontecer quando menos se espera. É preciso aconselhamento dos adolescentes, alerta quanto a esse tipo de jogo e competição, uma conversa franca sobre a morte e o suicídio. Se eles já se mostram predispostos à depressão ou a exclusão social, os cuidados devem ser redobrados, a procura por especialistas pode ser necessária, mas o carinho e acompanhamento dos pais é a parte mais importante. Dar suporte, apoio e conversar abertamente, sem brigar ou punir caso eles possuam tendências a gostar deste tipo de jogo, de mutilação ou mesmo pensamentos suicidas. A informação, compreensão, diálogo e carinho são as melhores maneiras de evitar esse mal chamado Baleia Azul.
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