Mabon: ação de graças, o festival da segunda colheita
Mabon é a celebração do equinócio de outono, o segundo festival da colheita na Roda do Ano. Esse termo foi cunhado por um dos precursores esse movimento, Aidan Kelly, tomando como referência o nome da mitologia celta “Mabon ap Modron”, que seria “Mabon (deus da juventude, caça e pesca), filho de Modron (deusa da fertilidade, mãe Terra)”.
O festival acontece no dia 21 de setembro no hemisfério norte, e em 21 de março no hemisfério sul.
Mabon e o retorno do submundo
Esse feriado é conhecido como “o banquete”, “o dia da colheita” ou “o dia de ação de graças”. Nesse dia, os wiccanianos, além de celebrarem a chegada do outono, também comemoram um fato na mitologia grega: a entrada da deusa Perséfone no submundo.
Segundo o mito grego, Hades conheceu Perséfone, que colhia flores, e ficou tão encantado com sua jovem beleza que se apaixonou à primeira vista. Hades então a sequestrou, levando-a em sua carruagem para as trevas de seu reino, para que ela sempre estivesse ao seu lado, como rainha do inferno.
A deusa Deméter procurou pela filha, que fora levada à força, mas não a encontrou. Seu sofrimento era tão intenso que as flores e árvores murcharam e morreram. Então, os deuses do Olimpo negociaram o retorno de Perséfone com Hades, mas ele a enganou, lançando um feitiço sobre a deusa.
Hades lhe deu uma pequena semente de romã, que a forçava a passar metade do ano com ele, no submundo, e a outra metade no Olimpo.
Agora, quando falamos em Mabon, temos um período que marca a entrada do outono, quando a colheita é realizada e agradecida à deusa, pela abundância proporcionada — o que ajudará as pessoas a suportarem os meses de inverso rigorosos.
Esse também é um momento de reflexão sobre nós mesmos, sobre o equilíbrio das trevas e da luz, e para que tenhamos a sabedoria suficiente para manter a harmonia dos opostos.
É hora de meditar e escolher corretamente as sementes que serão plantadas para serem colhidas no próximo ano. Mabon marca a morte de um ciclo e o início de outros.
Rituais de Mabon em outras civilizações
Os rituais de Mabon sempre focavam na perda da deusa, que entra no submundo do outono, mas regressa na primavera.
Embora esse motivo seja mais conhecido por meio da história de Perséfone, quase todas as antigas civilizações tinham uma história envolvendo um deus ou uma deusa que desce ao submundo e depois retorna para trazer vida e prosperidade à humanidade.
Na crença celta, o deus da fertilidade Cernnunos entra no submundo na época ou por volta de Mabon, e retorna à terra em Ostara ou Beltane como o Homem Verde. Cernnunos estava entre as divindades celtas mais populares, especialmente na Irlanda, onde seus seguidores representavam o maior desafio para os primeiros missionários cristãos.
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Tradições e festividades de Mabon
O festival de Mabon é simbolizado por um cálice cheio de vinho, que é abençoado e passado a cada membro da mesa durante um banquete. Nesse banquete, estão presentes alimentos como abóboras, legumes, grãos, pães, bolos, raízes, batatas, nozes, cidra com canela e vinho.
As cores usadas nessa celebração são o marrom, verde, amarelo e vermelho. Ervas como alecrim, calêndula, sálvia, folhas e cascas, camomila, girassol, trigo, folhas de carvalho, maçã ou sementes de maçã são também são utilizadas.
As atividades mais comuns realizadas durante o festival consistiam em fazer uma cornucópia (espécie de vaso em forma de chifre, com flores e frutas) ou bonecas de maçã. Ainda decoravam vassouras e confeccionavam cestas e amuletos juntamente a todos os tipos de oferendas aos deuses.
Durante as celebrações de Mabon, era muito comum que pedidos fossem realizados pelos que estavam doentes ou pessoas mais velhas, que estivessem necessitando de ajuda e conforto.
Vale lembrar também que nesse festival as antepassadas femininas eram homenageadas. Esse ritual era realizado queimando papeis com seus nomes em um caldeirão, seguido de palavras de bênçãos e gratidão.
Algumas pessoas aproveitavam esse momento para evocar espíritos de familiares, guardiões e antepassados, como a finalidade de pedir ajuda e aconselhamento ao longo do período de trevas que se aproximava.
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